Farm estampa escravos em peça e gera indignação dos internautas

Neste final de semana, mais um caso de racismo no mundo da moda veio à tona. A loja Farm compartilhou em seu próprio Instagram uma das suas peças com a estampa de escravizados, caso semelhante ao que aconteceu no ano passado, com outra marca, a Maria Filó.
Mulheres carregando seus filhos em situações de servidão, homens “trabalhando” e outras imagens com a mesma temática até lembram a estampa da outra marca. Sim, o erro se repetiu. A Farm tirou a peça para compra da loja online, além do perfil da marca no app de fotografia, mas a blusa permanece em uma das composições até o momento.

A marca disse que “não teve a intenção” de ser racista.

Os internautas não deixaram a situação abafada, questionaram o porquê dos desenhos e expuseram sua opinião criticando como era possível a empresa repetir o ato racista. O blogueiro e youtuber, Jota Angelo, que denunciou inicialmente a situação, ainda ressaltou que este não é o primeiro ato racista da marca. Em 2014, uma Iemanjá retratada branca também inquietou a internet.

“Esse é um caso reincidente sobre questões de apropriação cultural. E aí, a marca decidiu se colocar mais democrática, colocando uma máscara com mais modelos negras nas coleções e vendedoras nas lojas, mas de fato não há uma gestão democrática de pessoas negras”.

Abaixo uma das respostas iniciais da Farm ao blogueiro.

Jota Angelo foi um dos primeiros ativistas a denunciar a marca das redes.

A ativista e arquiteta, Stephanie Ribeiro também não entendeu o objetivo da reprodução das imagens e manifestou seu desconforto nas redes sociais.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1395862070507282&set=a.221211677972333.52237.100002505075866&type=3

Procurada pelo Catraca Livre, a Farm enviou o seguinte esclarecimento:

“Devido à polêmica em relação à estampa “Rua do Mar”, utilizada na atual coleção, a FARM esclarece que a ilustração refere-se a uma cena cotidiana do período pós-colonial, desenhada em preto e branco. No último sábado, a estampa começou a ser criticada como racista. Mesmo a marca não tendo esta intenção, a simples associação negativa fez com que a FARM começasse a recolher as peças das lojas e do site. A FARM disponibilizou a arte da estampa, através de sua assessoria, a fim de facilitar a apuração dos fatos pela imprensa e pede desculpas a todos pelo sentimento negativo gerado”.

“Acho que a gente não pode apagar esse período, mas não devemos exaltar pessoas em situação de trabalho escravo e romantizar a situação. Essas empresas só cometem esses atos racistas porque não tem negros em todos os cargos da cadeia produtiva, principalmente os de maior prestígio, desenvolvendo ideias e ganhando bons salários”, reforça Jota Angelo.