Funcionárias do Carrefour se contradizem em versão sobre assassinato

Uma fiscal afirmou que não conhecia o cliente; já outra funcionária disse que a fiscal já havia relatado casos de atrito de Beto em outras datas

Em investigação da polícia, duas funcionárias do Carrefour deram depoimentos contraditórios a respeito do assassinato de João Alberto Silveira Freitas, o Beto, morto covardemente por seguranças (Magno Braz Borges e o policial militar temporário Giovane Gaspar da Silva) do supermercado na última quinta-feira, 19. O UOL teve acesso aos depoimentos.

Uma fiscal, à qual Beto teria acenado enquanto ainda estava no caixa com a esposa, disse à polícia, na condição de testemunha, que nunca o tinha visto e que não entendeu por que ele estava agindo daquela maneira.

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Em contrapartida, uma agente de fiscalização, Adriana Alves Dutra, a mesma que aparece no vídeo do estacionamento pedindo que as imagens não fossem gravadas e que é considerada investigada pela polícia, disse que a colega relatou para ela que Beto teria tido atrito com outros funcionários em outras ocasiões.

A fiscal estava na frente dos caixas acompanhada dos dois seguranças quando Beto chegou com a esposa para passar as compras e fazer o pagamento. Segundo a mulher, o cliente “passou a encará-los” e foi na direção dela, que se esquivou. A fiscal disse que Beto “parecia estar furioso com alguma coisa” e “não aparentava estar fazendo uma brincadeira”, como afirmou a esposa do cliente à polícia e para o UOL.

Funcionárias do Carrefour se contradizem em depoimento sobre Beto, a vítima
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Funcionárias do Carrefour se contradizem em depoimento sobre Beto, a vítima

Em seguida, os dois seguranças presentes, Borges e Silva, levaram Beto para o estacionamento da loja. Antes de sair da loja, Beto deu um soco no PM temporário e, a partir daí, teriam começado as agressões que terminaram com a morte dele. A fiscal também afirmou que polícia que não conhecia o cliente e não sabia o motivo da atitude dele.

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Atrito com outros funcionários

Já uma agente de fiscalização, Adriana Alves Dutra, disse que a colega relatou para ela que Beto teria tido atrito com outros funcionários em outras ocasiões, em outras datas, e era uma pessoa agressiva, contradizendo o depoimento da fiscal.

Adriana afirmou que acionou a Brigada Militar e ligou para o SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ao ver sangue durante a briga. E que pediu, várias vezes, “aos rapazes que largassem Beto”.

Entretanto, Adriana aparece no vídeo do estacionamento pedindo, a um motoboy, que as imagens não fossem gravadas e é considerada investigada pela polícia.

O motoboy teria rebatido a ação e dito que eles ( os seguranças) não poderiam estar fazendo aquilo, e Adriana diz ” agente sabe o que está fazendo”.