Governo do Rio fecha mostra que teria performance sobre tortura

Curador diz que é censura; secretário afirma ter havido quebra de contrato

A exposição “Literatura Exposta”, que teria uma performance sobre tortura no período da ditadura militar e estava em cartaz no Rio, foi encerrada um dia antes do previsto por ordem do governador do Estado, Wilson Witzel (PSC).

Obra “A Voz do Ralo É a Voz de Deus”
Créditos: Divulgação
Obra “A Voz do Ralo É a Voz de Deus”

O curador da mostra, Álvaro Figueiredo, disse estar sofrendo censura e divulgou em seu Instagram a ordem de encerramento: “Informamos que amanhã, domingo, dia 13 do corrente mês, a Casa França-Brasil estará fechada para o público, por ordem do Excelentíssimo Senhor Governador Wilson Witzel, considerando que a programação para o dia referido, conforme informada a direção do equipamento público, não encontra-se presente no contrato previamente assinado”.

Em nota, Ruan Lira, secretário de Cultura e Economia Criativa, afirmou que o cancelamento se deu devido a um descumprimento de contrato, já que a programação deste domingo não estaria incluída no contrato firmado.

Uma performance do coletivo És uma Maluca seria encenada neste domingo, 13. Seria uma crítica à tortura durante a ditadura militar, com duas mulheres nuas interagindo com a obra “A Voz do Ralo é a Voz de Deus”. A obra, exposta na mostra e de autoria do mesmo coletivo, já havia sofrido interferência antes, daquela vez pelo diretor da Casa Brasil-França, Jesus Chediak.

Segundo informações da “Folha“, a proposta era mostrar baratas de plástico se espalhando por um bueiro e, do mesmo buraco, sairia a voz do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Com a proibição do uso de discursos do presidente, uma receita de bolo entrou em seu lugar.