Governo quer que diplomatas ignorem a questão da identidade de gênero
Para chanceler, permitir diferentes definições 'gênero' significa atacar o conceito tradicional de família
Diante da cruzada do governo Bolsonaro contra a chamada “ideologia de gênero”, diplomatas do Itamaraty receberam, nas últimas semanas, instruções oficiais para reiterarem sua postura pouca democrática quanto ao tema, reiterando “o entendimento do governo brasileiro de que a palavra gênero significa o sexo biológico: feminino ou masculino”.
Isso porque, para algumas correntes do atual governo, permitir diferentes definições ‘gênero’ significa atacar o conceito tradicional de família.
Segundo fontes do Itamaraty, a instrução segue a orientação de evitar ambiguidades em relação ao assunto.
Assim, ignoram por exemplo a existência de transexuais e travestis, grupos mais vulneráveis em casos de violência relacionados à identidade de gênero.
Nome social
A decisão da pasta também ignora, por exemplo, o decreto nº 8.727, assinado pela ex-presidente Dilma Rousseff, que estabeleceu o reconhecimento do “nome social”- OU SEJA, de acordo com a designação a qual a pessoa travesti ou transexual se identifica – independente do sexo de nascimento, ou biológico.
Para chanceler, globalismo apaga tradições
Em meio à discussão sobre identidade de gênero, alguns grupos da direita creem que o globalismo é responsável por interferir na soberania de países e, com isso, descaracterizar tradições nacionais. Tal corrente ganhou força no discurso do guru bolsonarista, Olavo de Carvalho.
Segundo o chanceler Ernesto Araújo, o globalismo criou um mundo em que “você não tem mais nação, onde você não tem mais família, onde você não tem mais homem e mulher”.