Igualdade de gênero: como criar crianças livres de preconceitos?

Como educar para a igualdade desde a infância? Esse é o título de recente artigo publicado no jornal El País. Nele, Clara Alemann, especialista em elaboração e gestão de programas de desenvolvimento social com uma perspectiva de gênero do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), aponta seis ações que todas as pessoas deveriam entender e adotar para crescer crianças livres de preconceito de gênero, confira:

Dar o exemplo como pais e mães, compartilhando as responsabilidades de cuidado e as tarefas domésticas, tratando-se com respeito e valorizando o trabalho não remunerado independentemente de quem o realize, já que, como mostra esta efetiva campanha na Índia, os padrões de gênero são transmitidos de geração em geração. As crianças que crescem em lares onde os progenitores dividem as responsabilidades laborais e familiares, respeitando-se mutuamente, têm maiores chances de reproduzir relações equitativas na vida adulta.

(no texto, ela cita esse vídeo, com legendas em inglês)

https://www.youtube.com/watch?v=xogBz71IHAo

“Quando elas assistem os filmes, elas compreendem que a ideia de princesa está relacionada a três necessidades: ser bonita, ter coisas e ter um príncipe”, afirma Michele Escoura, autora do livro “Diferentes, não desiguais: a questão de gênero na escola”.
“Quando elas assistem os filmes, elas compreendem que a ideia de princesa está relacionada a três necessidades: ser bonita, ter coisas e ter um príncipe”, afirma Michele Escoura, autora do livro “Diferentes, não desiguais: a questão de gênero na escola”.

Incentivar jogos, brinquedos e livros não sexistas, que não segreguem e categorizem espaços, temas, atividades e papéis para meninos e meninas. A existência de seções divididas em livrarias e lojas de brinquedo para meninos e meninas pode parecer inofensiva, mas seu impacto não termina ali. Desestimular uma menina a ler um livro sobre dinossauros ou espaço porque está rotulado para garotos pode fazer com que, no futuro, essa menina não escolha uma carreira porque é para homens.

Um estudo recente do BID que analisa textos escolares no Chile conclui que ainda há muito a fazer para os materiais que reflitam um tratamento equitativo de personagens femininos e masculinos. Também mostra que ainda persiste a divisão sexual do trabalho, maior protagonismo e presença de personagens masculinos e papéis de gênero estereotipados. Os personagens masculinos são autossuficientes e ambiciosos, lideram e assumem riscos, enquanto os personagens femininos se destacam por sua emotividade, funções de cuidado e proteção dentro da esfera privada e são excluídos dos campos político e científico.

Como sugere um manual para a inclusão de gênero nas etapas iniciais do ensino, elaborado pelo Instituto Nacional das Mulheres do Uruguai, também podemos revisar canções e jogos tradicionais, que frequentemente têm um forte conteúdo sexista, e reinventá-los para promover a igualdade. Por exemplo, há uma canção popular que diz: “Arroz com leite, quero me casar com uma senhorita… que saiba cozinhar, que saiba passar…” Em vez disso, podemos cantar: “Arroz com leite, quero me encontrar, com amigos e amigas para brincar, que saibam correr, que saibam pular, que cantem e dancem para desfrutar.”

Esta cozinha foi feita por Andrew Hook e sua esposa, para seu filho de 2 anos brincar. A cozinha ficou tão legal, e ele gostou tanto, que compartilharam nas redes sociais um fotos do lingo brinquedo.
Esta cozinha foi feita por Andrew Hook e sua esposa, para seu filho de 2 anos brincar. A cozinha ficou tão legal, e ele gostou tanto, que compartilharam nas redes sociais um fotos do lingo brinquedo.

Assegurar que tanto meninos como meninas aprendam e gradualmente assumam responsabilidades relativas ao cuidado, à organização e à limpeza, além de tomar decisões, liderar iniciativas, expressar opiniões e resolver problemas apropriados para a sua idade.

Opor-se a qualquer piada sexista, comentário pejorativo ou que reforce papéis estereotipados de gênero. Isso inclui, por exemplo, perguntar a um menino de quatro anos quantas namoradas ele tem. Rir dele porque tem medo. Ou criticar uma menina porque se mostra dominante, expressa suas opiniões energicamente ou não se preocupa com a aparência.

Com informações de El País.