Jovem esfaqueado 17 vezes diz não entender ataque homofóbico

“Vi a morte de perto”, diz jovem que levou 17 facadas em ataque homofóbico no começo de outubro

O jovem esfaqueado 17 vezes por cerca de dez pessoas na saída de uma festa em Brazlândia, no Distrito Federal, confirmou que o ataque foi motivado por homofobia.

Em entrevista à Globo Brasília, o estudante de odontologia Felipe Augusto Milanez, 23 anos, disse não entender o ataque, que ocorreu na madrugada do dia 7 de outubro na Rua do Lago, no centro da cidade-satélite.

“Vi a morte de perto”, diz jovem que levou 17 facadas em ataque homofóbico
Créditos: Reprodução/TV Globo
“Vi a morte de perto”, diz jovem que levou 17 facadas em ataque homofóbico

“Durante todo o tempo em que me espancavam, eles gritavam que era menos um homossexual. Eu vou falar homossexual para não ser tão baixo quanto as coisas que eles diziam”, disse Felipe, que está se mudando de Brasília por medo.

O jovem conta que deixou a festa com três amigos e que estava abraçado a um deles quando três homens apareceram e começaram a xingar.

Felipe diz que não queria confusão e virou as costas para deixar o local. Nesse momento, levou a primeira facada, na cabeça. O jovem então reagiu e deu um soco no agressor. Foi quando surgiram outras pessoas, que também passaram a atacá-lo.

O estudante de odontologia levou 17 facadas e ficou oito dias internado. Segundo ele, durante todo o período das agressões, os xingamentos com cunho homofóbico continuaram.

“Eles me tratavam no feminino. De todas as formas. De mulherzinha. Eu acredito que pelo fato de estar com um amigo e abraçado a ele.”

Felipe foi ouvido pelos policiais da 18ª Delegacia de Polícia (Brazlândia) na última segunda-feira, 28, e a investigação corre em sigilo. Nenhum dos agressores foi preso até o momento.

Com uma morte a cada 23 horas de uma pessoa LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, trans e travestis) e no topo do ranking de mortes de transexuais, é inegável que exista homofobia e transfobia no Brasil.

Esses números, que já são assustadores, podem ser ainda piores! Isso porque não há informações governamentais sobre tais mortes e os dados são obtidos pelo Grupo Gay da Bahia (GGB).

Entre 2008 e 2016, mais de 868 pessoas trans morreram no Brasil, segundo a ONG Transgender Europe.

Como identificar a homofobia

Em alguns casos, a discriminação pode ser discreta e sutil, como negar-se a prestar serviços. Não contratar ou barrar promoções no trabalho e dar tratamento desigual a LGBT são atos homofóbicos também.

Mas muitas vezes o preconceito se torna evidente com agressões verbais, físicas e morais, chegando a ameaças e tentativas de assassinato.

Mais de 868 pessoas trans morreram no Brasil entre 2008 e 2016, segundo a ONG Transgender Europe (TGEu)
Créditos: iStock/@ljubaphoto
Mais de 868 pessoas trans morreram no Brasil entre 2008 e 2016, segundo a ONG Transgender Europe (TGEu)

Qualquer que seja a forma de discriminação, é importante que a vítima denuncie o ocorrido. A orientação sexual ou a identidade de gênero não deve, em hipótese alguma, ser motivo para o tratamento degradante de um ser humano.

Homofobia é crime

Desde junho de 2019, o Supremo Tribunal Federal decidiu que o crime de homofobia deve ser equiparado ao de racismo.

Saiba mais sobre como denunciar e identificar ataques homofóbicos.