Juiz é repreendido por colegas após rejeitar auxílio-moradia

“Virei a Geni. Fui execrado e até xingado por colegas”, revela juiz que rejeitou auxílio-moradia.

“Imoral, indecente e antético”, assim, há três anos, o juiz Celso Fernando Karsburg classificou o auxílio-moradia estendido a todos os magistrados do país desde 2014, por meio de decisão do ministro Luiz Fux.

Quando abriu mão do pagamento de R$ 4.300, não tardou para que Karsburg fosse repreendido pelos colegas de profissão.“Virei a Geni. Fui execrado e até xingado por colegas”, conta o titular da 1ª Vara do Trabalho de Santa Cruz do Sul (RS).

Apesar disso, o juiz garante não se arrepender  da decisão, já que possui casa própria na cidade em que trabalha. “Foi uma questão de consciência. O auxílio não está previsto na Constituição e foi transformado num legítimo fura-teto. Se isso não é desvio de finalidade, não sei o que mais poderia ser”, critica.

Magistrados defendem benefício

Em meio à discussão sobre os penduricalhos, nas últimas semanas, dirigentes de associações de magistrados foram ao Supremo pedir a manutenção do privilégio.

A atitude constrangeu Karsburg, que também condenou declarações como a do juiz Sergio Moro, favorável ao benefício por  compensar a “falta de reajuste dos vencimentos”.  “O que mais constrange é ver juízes e desembargadores admitindo que o auxílio virou complementação de renda”, diz Karsburg. Ele lembra que os colegas embolsam o benefício sem descontar Imposto de Renda e contribuição ao INSS.

Dos quase 300 juízes do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região, só 12 abriram mão do benefício. A situação se repete em Cortes espalhadas por todo o país. “A maioria dos colegas optou pelo silêncio. É cômodo não dizer nada e continuar recebendo”, critica Karsburg. Confira a nota completa na coluna de Bernardo Mello Franco.