Livro aborda a infância dos meninos moradores do sertão

A expressão “cabra da peste”, no dizer do povo, virou “caba”, que virou “cabinha”. E assim é conhecida a criança que vive no Cariri cearense, um sertão verde, quase um oásis, em meio ao semiárido brasileiro. Lançado pela editora Peirópolis em julho, o livro Terra de cabinha traz o cotidiano e o imaginário de uma região onde menino vira rei, caça jumento e foge da Caboclinha, uma espécie de caipora das matas. É resultado de uma extensa pesquisa sobre as infâncias conduzida pela jornalista e documentarista Gabriela Romeu em todo o Brasil.

O livro traz histórias, causos, brincadeiras, receitas, tradições, versos e adivinhas. É possível ouvir a voz do cabinha, dos mestres e contadores de histórias, e também da pesquisadora-visitante, que registrou num caderninho as coisas mais interessantes a respeito de como vivem aqueles meninos e meninas para quem o mundo é feito de castelos, árvore é brinquedo e assombração existe, sim, senhor.

No prefácio do livro Terra de cabinha, o artista plástico Gandhy Piorski, estudioso das relações entre infância e imaginário, diz que a obra “nos leva à topologia, à terra, ao chão primordial da infância, à faixa germinal de transformação do real em imaginário”.

“Terra de Cabinha” é um dos resultados do “Infâncias“, projeto idealizado pelas jornalistas Gabriela Romeu e Marlene Peret que registra a vida de meninos e meninas pelo Brasil.