Marina dispara: “PT, PMDB, DEM e PSDB se perderam pelo poder”

Questionada sobre temas como reforma trabalhista, Lula, aborto e privatizações, Marina Silva foi a segunda entrevistada do programa Central das Eleições

A pré-candidata à presidência da república, Marina Silva (Rede), foi a segunda convidada do programa Central das Eleições, transmitido pela GloboNews nesta terça-feira, 31 – e que, ainda esta semana, receberá nomes como Ciro Gomes (PDT), Jair Bolsonaro (PSL) e Geraldo Alckmin (PSDB).

A mesa de jornalistas, formada por nomes Miriam Leitão, Valdo Cruz, Merval Pereira, Andréia Sadi, Fernando Gabeira, Gerson Camarotti, Mário Sérgio Conti, Cristiana Lobo e Roberto D’Ávila, questionou a ex-senadora e ministra do meio ambiente sobre temas referentes ao atual cenário político do país e os desafios do próximo presidente escolhido nas urnas.

Confira o que foi destaque na entrevista:

Em pesquisa recentes sobre as eleições de outubro, Marina Silva aparece entre os favoritos à disputa
Créditos: Reprodução/GloboNews
Em pesquisa recentes sobre as eleições de outubro, Marina Silva aparece entre os favoritos à disputa

Desastres ambientais

“O que aconteceu em Mariana-MG não foi acidente, foi um crime. Não tirei uma foto no meio da lama pra me promover politicamente, sugeri que crimes ambientais se tornassem hediondos. Quem tem ética política, não usa desgraça pra se promover”.

Lula 

“Acho que nenhum brasileiro ficou feliz de ver a situação em que ele está. Mas a lei é para todos. É triste o que está acontecendo, mas a lei está sendo cumprida e deve ser feita para todos”.

Debates

“Não vou fazer fake news e mentir sobre ninguém, eu quero debater. Eu lembro que nas eleições de 2014, diziam que não iriam apenas me derrotar, iriam me aniquilar. Não vale tudo para ganhar uma eleição! Eu quero debater com Ciro, com o Bolsonaro, ideias. Não aniquilar ninguém”.

Corrupção e foro privilegiado 

“Eu defendo a prisão em 2º instância com o fim do foro privilegiado para que todos os corruptos sejam punidos. E o Aécio? E o Moreira Franco? E o Romero Jucá?”

Reforma trabalhista 

“Eu vou corrigir os pontos draconianos da Reforma Trabalhista. Uma pessoa ter apenas meia hora pra se alimentar e uma grávida trabalho em ambiente insalubre? Vamos corrigir. Não se pode ouvir só um lado, precisamos ouvir os empresários, mas também ouvir os trabalhadores”.

 Direitos humanos 

“É uma contribuição para a humanidade. Acho que a gente tá vivendo um momento de fragmentação. Que os direitos humanos estão sendo colocada em cheque. Um momento em que países estão colocando cercas para barrar pessoas por questões econômicas. Tem que ser para todas as pessoas. Não pode relativizar. Os direitos humanos estão sendo violados na Venezuela, na Nicarágua. Não é porque é meu aliado político que vou relativizar esses valores”.

Violência 

“A situação da violência está dramática: 60 mil assassinatos por ano, 30 deles são jovens. Segurança não é apenas uma questão de polícia, é uma questão de justiça social e econômica. Os nossos jovens estão sendo disputados pelo tráfico porque não tem igualdade de oportunidades”.

Aborto 

“Se for pra ampliar além do que já existe, defendo o plebiscito. Pessoalmente, eu sou contra. Ninguém pode advogar que o aborto seja um método contraceptivo. Nenhuma mulher gosta de fazer aborto. O tema deve ser tratado dentro das escolas, nas famílias, na comunidade. O que não se pode é pegar um debate com a complexidade do aborto e dizer que quem a favor é pervertido, e quem é contra é é fundamentalista. Nós temos que fazer um debate, na maioria das democracias evoluídas isso é feito por plebiscito”.

Isenção de impostos

“Eu defendo o fim dos privilégios. Se vamos ter uma agenda de sacrifícios, então que seja para todos. Vamos colocar todos privilégios sobre a mesa. Isenção de multas, renegociação de dívidas o tempo todo. É muito fácil defender economia de livre-mercado e ir pro balcão do governo a todo tempo para legalizar o ilegal. É uma espécie de grilagem do orçamento público”.

Militares 

“O papel dos militares é cumprir com aquilo que está na Constituição Federal. Não se pode fazer uso político das Forças Armadas”.

Fim da reeleição

“É preciso acabar com a reeleição e estabelecer mandatos de 5 anos a partir de 2022. Sou contra a reeleição, por convicção!”.

Poder pelo poder

“São partidos que deram uma grande contribuição para o país: o PMDB no processo de redemocratização, o PSDB pelo plano real e o PT com os programas sociais que tiraram 40 milhões da miséria.  PT, PMDB, PSDB, DEM e seus satélites se perderam nos projetos de poder pelo poder. Boa parte dos problemas que nós enfrentamos é por conta do atraso na política, daqueles que se preocuparam mais com projeto de poder do que projeto de país”.

Retrocessos na política

“As ideias do Bolsonaro são completamente retrógradas e avessas a tudo o que já avançamos no nosso país. Trump é um grande retrocesso para o mundo. Sinto saudades do Obama!”.

Privatizações

“Não vou privatizar Petrobras, Banco do Brasil e Caixa. Mas existem empresas que podem ser privatizadas, com um plano. A privatização da Eletrobras colocada sem um plano era muito estranha. Não tenho visão dogmática nem contra privatizações, nem contra parcerias, nem contra concessões. O que tem de ter é uma relação clara, transparente e honrar contratos”.

O Brasil de Marina Silva em quatro pontos:

Questionada por Miriam Leitão sobre qual Brasil desejava para o futuro, a pré-candidata lembrou da morte do menino Marcos Vinicius da Silva, morto durante operação policial na favela da Maré, em junho.

“Eu quero um Brasil aonde uma criança como o Marcus Vinicius da favela da Maré não seja morto quando ia para a escola”.

“Um Brasil que não esconda corruptos dentro do Palácio do Planalto para sabotar a República”.

“Um Brasil aonde as mulheres não tenham que viver na situação de penúria em que hoje vivem, em que muitas delas tem que sustentar a família em uma situação de desemprego”.

“Quero um país que seja economicamente próspero, socialmente justo, politicamente democrático, ambientalmente sustentável e culturalmente diverso. Esse é meu ideal de país”.