Médico cubano vende doces em SP à espera do Revalida

Na expectativa de revalidar o diploma para exercer a medicina no Brasil, Karel Sanchez faz bicos na capital paulista

Karel Enrique Sanchez Fuentes, de 35 anos, chegou ao Brasil em 2017, e foi enviado como médico para Cachoeira do Arari (PA). Com o fim do programa Mais Médicos, o cubano resolveu ficar no Brasil, esperando para legitimar o diploma e continuar a exercer a medicina aqui. Como a aplicação do Revalida ainda não aconteceu, ele faz bicos em São Paulo.

Desde o fim do ano passado, Fuentes carregou malas no Aeroporto de Congonhas, consertou camas e, agora, vende doces na Liberdade, bairro da região central de São Paulo.

Com saída de cubanos, cerca de 10 mil vagas ficam abertas
Créditos: Karina Zambrana /ASCOM/MS
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“Eu decidi ficar porque eu não concordo com o sistema político do meu país”, disse em entrevista ao G1.

“Inclusive eu fiquei muito emocionado quando o presidente Bolsonaro falou que não queria mais ajudar a ditadura. Eu pensei, que bom, não vai ajudar mais a ditadura, vai ajudar a gente, a gente vai trabalhar para você. Só que isso só ficou no papel. Nem no papel, só ficou no vento”.

Cachoeira do Arari

Com 23 mil habitantes, Cachoeira do Arari tem a taxa de mortalidade infantil 35% maior que a média nacional. As internações por diarreia são o dobro de Belém, a capital do estado.

No município, ele recebeu um Certificado de Excelência da Prefeitura de Cachoeira de Arari, afirmando que Fuentes “prestou inestimável serviço à população”.

O governo federal não tem previsão para a aplicação do Revalida. O estetoscópio e um aferidor de pressão estão guardados na mala, esperando pela chance de salvar vidas novamente.