Meninos da caverna falam sobre o milagroso resgate na Tailândia

Em clima de descontração, meninos pediram desculpas aos pais por terem entrado na caverna; grupo homenageou mergulhador morto no resgate

Após 17 dias presos na caverna inundada de Tham Luang, os 12 meninos e o técnico do time “Javalis Selvagens” conversaram pela primeira vez com a imprensa nesta quarta-feira, 18. Na coletiva, eles relataram como sobreviveram ao resgate que mobilizou mais de mil pessoas.

Tudo começou no dia 23 de junho após um treino de rotina da equipe de futebol. Curiosos, todos concordaram com o convite do técnico de explorar a caverna em uma rápida aventura que, ao contrário do que esperavam, levaria tempo para acabar. Quando a água subiu, e o grupo ficou sem condições de voltar,  a saída foi encontrar um lugar seguro para passar a noite.

Até então, o treinador relatou que eles não estavam assustados, já que acreditavam que o nível da água baixaria na manhã seguinte. “Tentamos cavar, pensando que não podíamos esperar as autoridades”, mas não adiantou, disse o técnico Ekkapol Chantawong.

 Equipe reunida na primeira entrevista para a imprensa após o resgate

Comida

Ao contrário do que fora divulgado pela mídia na época, o grupo não havia levado comida para o passeio. Diante disso, o técnico Ekkapol Chantawong revelou que, após dois dias de isolamento, sentiram os primeiros efeitos da fome. “Bebíamos a água que caía das pedras”, disse Pornchai Khamluan, de 15 anos.

Para esquecer a fome, o integrante mais novo do grupo revelou que, no momento mais crítico do confinamento, buscava não pensar em comida para inibir a fome. Ao longo dos 17 dias, os garotos perderam cerca de 2 kg e, no hospital, recuperaram, em média, três kg.

O milagre

A sorte do grupo começou a mudar com a chegada de dois mergulhadores ingleses que, após nove dias de busca, finalmente chegaram ao local. Dos 12 meninos, apenas Adul Sam-on, de 14 anos, falava inglês e pôde se comunicar com os mergulhadores. Ele contou que usou uma tocha para ir em direção às vozes que escutavam.

Sem noção do tempo que estavam dentro da caverna, a primeira reação do grupo foi perguntar aos mergulhadores quantos dias estavam presos. Debilitados e com muita fome, o grupo foi encontrado a 4 km da entrada da caverna e a quase 1 km de profundidade.

Fora da caverna

Diante da repercussão mundial do caso, hoje, a salvos, os meninos refletiram sobre os dias que passaram presos na caverna. Frases sobre “o valor de muitas coisas e valorizar a si mesmo” e “viver cada minuto da vida” foram as mais repetidas pelo grupo que deram uma verdadeira lição de resiliência e cooperação.

Para o futuro, os meninos projetam o sonho e se tornar jogadores de futebol profissionais e até mesmo integrar a equipe da Marinha tailandesa.