Para combater racismo, Ministério do Esporte distribuirá ‘O Negro no Futebol Brasileiro’ durante a Copa

Medida tem como objetivo ensinar aos torcedores que estar na arquibancada não é desculpa para ser preconceituoso

No embate entre Esportivo x Veranópolis, em 5 de março, no interior do Rio Grande do Sul, o árbitro Márcio Chagas ouviu gritos de “macaco safado” da torcida. Um dia depois, Arouca, volante do Santos, ouviu coisa semelhante em uma partida no interior de São Paulo.

O racismo no futebol não é recente nem localizado. Acontece em diversos países, do Peru à Rússia, e sempre acaba em punições insuficientes. Infelizmente ainda é preciso ensinar a algumas pessoas que elas não devem ser racistas. Nem dentro, nem fora de campo.
O racismo no futebol não é recente nem localizado. Acontece em diversos países, do Peru à Rússia, e sempre acaba em punições insuficientes. Infelizmente ainda é preciso ensinar a algumas pessoas que elas não devem ser racistas. Nem dentro, nem fora de campo.

Esses casos despertaram uma preocupação entre autoridades brasileiras, que começaram a imaginar como será o comportamento das arquibancadas durante a Copa do Mundo que se inicia em cerca de dois meses. O Ministério do Esporte decidiu, então, distribuir versões traduzidas do livro “O negro no futebol brasileiro”, do jornalista Mário Filho, para autoridades e jornalistas estrangeiros que chegarem aqui para a Copa do Mundo a partir do dia 12 de junho.

Publicada em 1947, a obra é considerada um clássico da construção da identidade brasileira ao ressaltar a importância dos negros para a popularização e o desenvolvimento do esporte no país. O livro dialoga com o conceito de “democracia racial” presente em Gilberto Freyre – autor que o prefacia. Apesar de combatido e reinterpretado durante décadas, o conceito é reconhecido pelo Ministério como positivo para que nos lembremos do papel histórico dos negros não somente na versão nacional do esporte bretão, mas em toda nossa cultura.

A medida tem como objetivo combater o racismo nos estádios e inibir incidentes como os de Arouca e Marcio Chagas. Mais que isso, mostrar que futebol não é desculpa para preconceito em lugar algum, já que ocorrências similares acontecem no mundo todo.

Nos planos do Ministério ainda estão outras ações de combate ao racismo, como faixas e mensagens exibidas em uniformes e lidas por capitães dos times.

Com informações da Folha de S. Paulo.