Moro confirma convite para ser ministro antes do final da eleição
O PT entrou com representação pedindo nulidade do julgamento do ex-presidente Lula pelo juiz federal da 1º Vara de Curitiba
O juiz federal Sergio Moro, futuro ministro da Justiça no governo de Jair Bolsonaro a partir de 2019, confirmou a informação de que foi convidado para ocupar a pasta antes do resultado final das eleições que aconteceu no dia 28 de outubro.
Segundo o próprio juiz contou durante coletiva de imprensa ocorrida nesta terça-feira, 6, o guru de Bolsonaro, Paulo Guedes, teria feito o convite no dia 23 de outubro; ainda, ele reiterou que o encontro aconteceu após quebra de sigilo da delação de Antonio Palocci, dias antes do primeiro turno. O magistrado disse também que nunca manteve contato de proximidade com o presidente eleito.
Famoso por sua atuação à frente da Operação Lava Jato a ida de Sergio Moro para um ministério na gestão do ex-deputado, agora futuro chefe do Executivo, dividiu opiniões e reforçou teoria petista de que o juiz agiu para de forma “partidária” ao condenar o ex-presidente Lula, naquilo que teria sido uma intervenção direta no pleito presidencial de 2018, que culminou com a vitória de Bolsonaro, admirador declarado do trabalho de Sergio Moro e crítico ferrenho de Lula e do PT.
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Ainda na coletiva, o magistrado, que pedirá exoneração do cargo de titular da 1º Vara Federal de Curitiba em janeiro, salientou que sua atuação como ministro da Justiça será “técnica” e não “política”.
“Na minha perspectiva, na minha visão, eu sigo para atuar em uma função técnica, pra fazer um trabalho técnico de um juiz a cargo desse ministério específico. Não tenho nenhuma pretensão de concorrer em qualquer momento da minha vida a cargos eleitorais, a subir em palanque”, declarou.
“Eu, como disse, tomei a decisão que me pareceu melhor para buscar a consolidação desses avanços dos últimos anos em relação à corrupção. E nós não corremos um risco de retrocesso”, completou.
Perseguição política
Moro ressaltou que seu trabalho à frente do “superministério”, que abarcará Justiça e Segurança Pública, será baseado no modelo adotado por ele na Operação Lava Jato para combater o crime organizado e disse que vai trabalhar sem “perseguição política”.
“Não existe a menor chance de utilização do ministério ou da polícia para perseguição política. Não foi feito isso durante a Operação Lava Jato. As pessoas foram condenadas com base em crime de corrupção, de lavagem de dinheiro e associação criminosa. Com base em provas robustas e não por suas opiniões políticas. Não vai ser no ministério que eu vou começar a realizar isso”, afirmou.
Após a confirmação de Sergio Moro no ministério da Justiça, o PT entrou com representação no Supremo Tribunal Federal pedindo a nulidade do julgamento e condenação do ex-presidente Lula pelo magistrado, alegando “interesses políticos” do juiz.
O caso será analisado e julgado pela segunda turma do STF a pedido do ministro Edson Fachin.