‘Não haverá muro’, diz secretário sobre limite de folião em bloco

Também não haverá ação específica da prefeitura contra o assédio na folia; 'Nossa campanha é pelo Carnaval sem violência', disse André Sturm, secretário da Cultura de SP

“Não haverá muro, não haverá contadores, não haverá cordão de isolamento” nos blocos de São Paulo durante o Carnaval, afirmou o secretário da Cultura, André Sturm, em entrevista coletiva sobre o evento concedida na manhã desta segunda-feira, dia 13. “Ninguém vai fechar a Vila Madalena”, destacou.

O secretário André Sturm e o prefeito em exercício, Bruno Covas, durante coletiva
O secretário André Sturm e o prefeito em exercício, Bruno Covas, durante coletiva

A questão surgiu depois que a própria Prefeitura de São Paulo anunciou que ia limitar o número de foliões a 15 mil por bloco neste ano com a justificativa de assegurar segurança e conforto tanto a quem vai se divertir nos blocos quanto aos moradores.

Durante a entrevista, Sturm afirmou que o controle será orgânico e que a preocupação da administração era com blocos que estimaram levar às ruas da Vila Madalena um grande contingente de pessoas. “Não vamos limitar em 15 mil pessoas. Mas, na Vila [Madalena], que é uma região residencial, com ruas estreitas, blocos que haviam dito que levariam mais de 15 mil pessoas foram convidados a desfilar em outras regiões da cidade.”

E emendou: “Há blocos que estimam levar 80 mil, 90 mil 100 mil pessoas [em outros bairros]. Ninguém vai ficar com um contador e, se chegar a 15.001, este 1 não entra. Isso foi um acordo feito com os blocos que já previam grandes mobilizações. Se tiver mais de 15 mil, enquanto couber fisicamente na Vila Madalena, entrarão. Uma hora não vai caber, e essas pessoas não vão entrar. Não é porque a polícia não vai deixar ou porque vai ter um muro ou um cordão de isolamento”.

Carnaval-Sem-Assedio_1

Sturm disse também que não haverá, por parte da prefeitura, nenhuma ação específica contra o assédio ou a violência contra a mulher durante o Carnaval _ período que vai de 17 de fevereiro a 5 de março.  “Não temos ação direcionada especificamente para a violência contra a mulher, nossa campanha é pelo Carnaval sem violência, para que seja um Carnaval em que todos possam se divertir, sem desmerecer a campanha, que acho bacana.”

O secretário se referia à campanha #CarnavalSemAssédio, promovida pelo Catraca Livre, em parceria com a revista “AzMina” e os coletivos “Agora é que são elas”, “Nós, Mulheres da Periferia” e “Vamos Juntas?”.

A respeito da dispersão dos blocos, que terá de acontecer até as 20h, a prefeitura organizou palcos no Anhangabaú e no Largo da Batata, com atrações musicais que vão das 19h às 23h. Sturm contar com os blocos, que concordaram com o limite de horário, para estimular o público a migrar para os palcos depois dos desfiles. A Praça das Artes também terá um palco, com programação na tarde deste sábado, dia 18.

Neste ano, serão 391 blocos na capital paulista, 28% a mais do que no ano passado. O investimento também cresceu: será de R$ 15 milhões aportados pelos patrocinadores. A estimativa é que a gestão consiga praticamente zerar o uso de recursos públicos no evento. No ano passado, foram destinados R$ 10,5 milhões ao Carnaval, sendo que R$ 7 milhões foram pagos pela prefeitura e R$ 3,5 milhões vieram da iniciativa privada.

Com o aumento do patrocínio, a prefeitura afirma que aumentarão, consequentemente, a quantidade banheiros químicos (serão 14 mil diárias de banheiros químicos; em 2016, foram 8.108 diárias) e o alcance do serviço de varrição (haverá 1.506 funcionários para trabalhar na limpeza após a passagem dos blocos).

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