Não renunciarei, diz Michel Temer após escândalo de delação
O presidente diz que não sai do cargo após o escândalo envolvendo a delação de executivo da JBS.
O presidente da República Michel Temer disse nesta quinta-feira, 18 que não vai renunciar.
A declaração acontece depois de pouco mais de um ano de governo e após o escândalo envolvendo a delação de Joesley Batista, executivo da JBS, que simplesmente caiu como uma bomba no noticiário nacional e teve grande repercussão.
“O governo viveu seu melhor e seu pior momento. Números de retorno de crescimento da economia e dados de geração de empregos criaram esperança de dias melhores. Otimismo retornava e as reformas avançavam no Congresso Nacional”, disse o presidente no pronunciamento da tarde de hoje abordando o caso.
Alterado, ele disse também que a conversa foi gravada clandestinamente. Além disso, Temer falou que “não podemos jogar no lixo da história tanto trabalho feito em prol do país”, citando indicadores de seu governo.
Ele voltou a negar as acusações. “Em nenhum momento autorizei que pagassem a quem quer que seja pra ficar calado. Não comprei o silêncio de ninguém. Não temo nenhuma delação. Não preciso de cargo público nem de foro especial. Nada tenho a esconder”.
Ele disse também que, no STF, demonstrará não ter nenhum envolvimento com o caso e que exige uma “investigação plena e muito rápida”.
Aumentando o tom de voz, Temer reforçou: “Não renunciarei. Meu único compromisso é com o Brasil, só esse compromisso me guiará”.
.@MichelTemer: Demonstrarei não ter envolvimento com os fatos. Não renunciarei.
— Agora No Planalto (@AgoraNoPlanalto) 18 de maio de 2017
Na véspera, um comunicado no qual ele afirma que não iria renunciar já havia sido publicado.
As informações que provocaram a mais recente crise do governo Temer foram divulgadas na última quarta-feira pelo site O Globo.
Elas mostram que Temer foi gravado por Batista no momento em que ele confirma a manutenção de uma mesada de R$ 5 milhões ao ex-presidente da Câmara e colega de PMDB Eduardo Cunha.
Temer ouviu do empresário que estava dando a Cunha e ao operador Lúcio Funaro uma “mesada” na prisão para ficarem calados. Com a informação, Temer diz na gravação: “Tem que manter isso, viu?”, segundo a reportagem.
Outra publicação mostra imagens que comprovariam a entrega de propina a indicados de Temer e do tucano Aécio Neves, também implicado nas gravações e afastado do cargo de senador.
Os cenários possíveis ainda são: a realização de eleição indireta em 30 dias, período no qual o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) será o presidente interino; ou eleições diretas, mas apenas se uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) for aprovada no Congresso.
Confira o pronunciamento na íntegra:
*Texto atualizado às 16h28
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