Pelo fim da guerra às drogas, Marcha da Maconha sai às ruas de SP

Coletivo realiza a sua oitava edição e promete reunir milhares de pessoas no dia 23 de maio, em ato que contará com aulas públicas, performances artísticas e shows

Dados apresentados pelo Relatório Mundial sobre Drogas da Onu, de 2015, afirmam que nos dias atuais, aproximadamente, 5% da população mundial, entre 15 e 64 anos, é usuária de algum tipo de droga ilícita – correspondendo a 243 milhões de pessoas.

Estima-se ainda que 40% dos milhões de presos em todo o mundo encontram-se encarcerados por alguma infração associada ao tráfico de drogas. Outro estudo aponta que a guerra às drogas já custou ao mundo mais de um trilhão de dólares em uma campanha que apenas propiciou o nascimento de um mercado paralelo avaliado em US$ 300 bilhões.

Em meio à derrocada da guerra às drogas, que ganha respaldo em novas políticas adotadas por países como Estados Unidos, Uruguai, Chile, Portugal ou Espanha, a discussão sobre a legalização das drogas (sobretudo a maconha) volta a pautar o cenário político brasileiro com a Marcha da Maconha, que volta às ruas no dia 23 de maio, às 14h20, no MASP.

Com o eixo “Pela liberdade d@s noss@s pres@s, em memória aos noss@s mort@s — Legalize”, o coletivo marcha em nome da legalização da produção, distribuição e uso da planta no Brasil para seus mais variados fins – do uso medicinal ao recreativo.

Programação no dia da marcha contará com aulas públicas, performances artísticas e shows ao final do evento

A Marcha da Maconha SP tem o objetivo de ocupar as ruas para fomentar uma mudança de mentalidade em relação à política de guerra às drogas. O lema de 2015 pretende chamar a atenção para os presos e mortos decorrentes dessa guerra. Com a terceira maior população carcerária do mundo, o Brasil coloca atrás das grades cerca de 200 mil pessoas (27% do total de presos) acusadas de terem ligação com o mercado das drogas, número que cresce ano após ano.

“Ao analisar o perfil d@s pres@s e mort@s ligad@s à economia das drogas no Brasil, fica claro que há algo de muito podre no reino tupiniquim. Nossos pres@s e mort@s tem cor, classe, idade e geografia. São jovens pretos e pobres moradores de periferia, que aos olhos do Estado representam ameaça à ordem imposta pela bala desde 1500”, afirmam os ativistas em texto convocatório para o evento.

Programação de 2015

A Marcha da Maconha contará com aulas públicas e performances artísticas durante a concentração e provável realização de show ao final do ato. Para a composição da manifestação, estão confirmados os blocos temáticos da liberdade, feminista, anticapitalista, da diversidade, psicodélico, entre outros.

Neste ano, um calendário de atividades acende o debate nas semanas anteriores ao ato, com confirmações de artistas como os rappers Sandrão do grupo RZO e Sombra.

Junto com o Bloco Kaya na Gandaia e Família Gangsters, eles se apresentam no Festival 4E20, uma das novidades desse ano. O evento acontecerá no dia 3 de maio a partir das 16h20 no Estúdio (av. Pedroso de Morais, 1036) e 60% da entrada será revertido para a organização da Marcha.

O calendário da Marcha da Maconha ainda conta com atividades em faculdades, cursinhos populares, saraus na periferia, entre outros.