Pelo Twitter, Bolsonaro ‘tira o dele da reta’ no combate ao coronavírus

OPINIÃO: Presidente mostrou, até para quem tinha alguma dúvida, que liderar um país não é seu forte e que covardia é uma de suas principais características

Após três dias intensos em que o Brasil deu largos passos no retrocesso de sua tão jovem e frágil democracia, ao esconder os dados oficiais do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deu mais uma prova de que a covardia é uma de suas principais características. Buscando “tirar o dele da reta” no combate à pandemia, Bolsonaro fez uma sequência de posts no Twitter que demonstraram, até mesmo àqueles que ainda tinham alguma dúvida, que liderar o país não é, nem de longe, um de seus pontos fortes.

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Bolsonaro tira o dele da reta no combate ao coronavírus
Créditos: reprodução/Instagram
Bolsonaro tira o dele da reta no combate ao coronavírus

Com a pandemia chegando a níveis alarmantes no país e nos colocando com o epicentro do coronavírus no mundo, Bolsonaro transferiu a total e irrestrita responsabilidade da crise aos governadores e prefeitos brasileiros, posto que, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), as ações de combate à pandemia ficaram a cargo deles.

“Lembro à Nação que, por decisão do STF, as ações de combate à pandemia (fechamento do comércio e quarentena, p.ex.) ficaram sob total responsabilidade dos Governadores e dos Prefeitos.”, escreveu o presidente.

Ainda na tentativa de se colocar como defensor da população, Bolsonaro postou sobre o auxílio emergencial de R$ 600 pago aos brasileiros.

“Nosso governo alocou centenas de bilhões de reais não só para combater o vírus, bem como para evitar o desemprego. Cada mês pago do auxílio emergencial de R$ 600,00 corresponde a despesa na ordem de R$ 40 bilhões para a União”, escreveu.

E, claro, responsabilizou “parte da mídia” por tentar “atrapalhar” a governança do presidente.

“Ao lado disso forças nada ocultas, apoiadas por parte da mídia, açoitam o Presidente da República das mais variadas formas para deslegitimá-lo ou atrapalhar a governança. Com fé em Deus e no povo seguirei meu destino de melhor servir ao meu país.”, escreveu.

Com essa série de tweets, fica clara a falta de liderança por parte do presidente da República. Ele abandona o navio em pleno naufrágio. Ao dizer que as responsabilidades são todas de governadores e prefeitos, Bolsonaro se esquece da importância de sua figura enquanto chefe do executivo nacional. Nem usar máscara o presidente usa quando se realoca a hospitais de campanha ou quando vai saudar seus apoiadores em manifestações inconstitucionais que pedem pela volta da ditadura militar. É o mínimo que qualquer um deve fazer para evitar o contágio: usar máscara.


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Além disso, Bolsonaro se aproveita do auxílio emergencial para tentar salvar sua já desgastada imagem, quando na verdade foi contra o valor de R$ 600. O presidente queria pagar aos trabalhadores afetados pela crise apenas R$ 200, mas o Congresso Nacional conseguiu elevar o valor para o que é pago atualmente.

Ao culpar novamente a mídia por tentar inflamar seu governo, Bolsonaro vai contra o que qualquer democracia no mundo prega: a liberdade de imprensa. Mas com isso nós, da imprensa, já estamos mais do que acostumados, e seguimos fazendo o que o próprio presidente deste país se recusa a fazer: deixar a população informada e atenta a tudo o que envolve a pandemia do coronavírus, honrando as mais de 37 mil pessoas que já morreram, e buscando evitar, por meio da informação, que mais óbitos ocorram em nosso território.