Pesquisadores dizem que não assinaram plano do governo contra covid-19
Depois da polêmica, a hashtag #Bolsonaro171 ficou nos trending topics do Twitter
Na noite da última sexta-feira, 11, o Ministério da Saúde entregou o “Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação contra a Covid-19”, documento que previa vacinação da população, metas e datas no combate ao novo coronavírus. No dia seguinte, 12, um grupo de 36 pesquisadores que “assinam” o documento, porém, disseram desconhecer o conteúdo do programa e alegam que não foram consultados sobre o material divulgado pelo governo.
Uma das pesquisadoras citadas, a doutora Ethel Maciel, usou o Twitter para contestar o uso de seu nome no programa do governo.
Nós, pesquisadores que estamos assessorando o governo no Plano Nacional de Vacinação da Covid-19, acabamos de saber pela imprensa que o governo enviou um plano, no qual constam nossos nomes e nós não vimos o documento. Algo que nos meus 25 anos de pesquisadora nunca tinha vivido!
— Ethel Maciel, PhD (@EthelMaciel) December 12, 2020
“Nós, pesquisadores que estamos assessorando o governo no Plano Nacional de Vacinação da Covid-19, acabamos de saber pela imprensa que o governo enviou um plano, no qual constam nossos nomes e nós não vimos o documento. Algo que nos meus 25 anos de pesquisadora nunca tinha vivido!”
Neste domingo, 13, o Ministério da Saúde divulgou nota afirmando que os pesquisadores foram apenas convidados a participar,“sem poder de decisão na formalização do plano” (leia a nota abaixo).
O Plano Nacional foi requisitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A intenção era saber quais eram os passos do poder executivo federal para combater a pandemia que afeta o Brasil desde o início deste ano.
Abaixo, veja a repercussão nas redes sociais:
#Bolsonaro171 FALSIFICANDO ASSINATURAS É CRIME!!🚨🚨🚨🚨🚨🚨🚨🚨 pic.twitter.com/soHJuHEqmP
— 𝐁𝐨𝐥𝐬𝐨𝐧𝐚𝐫𝐨 𝐆𝐞𝐧𝐨𝐜𝐢𝐝𝐚 🇧🇷🏴 (@do_genocida) December 13, 2020
171 – Obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer outro meio fraudulento. #Bolsonaro171 pic.twitter.com/ksH5QftgUN
— Kelvin (@kelvin_a10) December 13, 2020
“Elaboradora do plano de vacinação do governo diz que não teve acesso ao documento”
Esse desgoverno é uma piada, que ao invés de risos, causa mortes.
Bolsonaro tem cair, a população não aguenta mais. #bolsonaro171 pic.twitter.com/iHhuLHWxbG— Phillip Honorato (@philliphonorato) December 13, 2020
Em Qualquer outro país esse Desgoverno já tinha caído!
Menos aqui né @RodrigoMaia ?#ForaBolsonaroGenocida
#Bolsonaro171 pic.twitter.com/WAKK0bZRqo— Distopia Brazil (@Douglas86736732) December 13, 2020
Nota do Ministério da Saúde:
O Ministério da Saúde esclarece que os profissionais citados pelo Executivo no Plano de Imunização contra a Covid-19 são técnicos escolhidos como convidados. Fazem parte dos convidados representantes do Conass, Conasems, de segmentos do Poder Público, Autarquias, da Comunidade Científica e da própria sociedade, oriundos de instituições públicas e privadas, envolvidos de alguma forma, técnica e cientificamente com alguns dos eixos de discussão do plano de vacinação.
Vale destacar que os convidados especiais foram indicados Programa Nacional de Imunizações para participarem de debates, com cunho opinativo e sem qualquer poder de decisão na formalização do Plano de Imunização contra a Covid-19, conforme previsto na Portaria Gab 28, de 3 de setembro de 2020, que Institui a Câmara Técnica Assessora em Imunização e Doenças Transmissíveis.
O Plano de Imunização contra a Covid-19 traz as diretrizes básicas frente à pandemia que atinge o Brasil e o mundo e, de fato não apresenta data exata para vacinação, ante a inexistência no mercado nacional de um imunobiológico eficaz e seguro, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
O Ministério da Saúde informa que apresentar uma data, especificar um imunobiológico e apresentar informações sem a devida identificação de uma vacina aprovada pela Anvisa, não condiz com as práticas de segurança e eficiência do Programa Nacional de Imunizações da pasta, que não trabalha com fulcro em especulações desprovidas de confirmações técnicas e científicas.
Cabe esclarecer ainda, que todo plano de vacinação, não apenas da Covid-19, mas, de qualquer vacina que combata uma doença, elenca um grupo de pessoas mais vulneráveis. No caso da vacinação contra a Covid-19, o PNI contemplou como sendo grupo mais vulnerável na primeira fase de vacinação: os idosos de 75 anos e mais, profissionais de saúde, idosos de 60 ou mais institucionalizados e a população indígena; nas demais fases traz as pessoas de 69 a 74 anos, indivíduos com comorbidades, professores, trabalhadores das forças de segurança e salvamento e os funcionários do sistema prisional, o que totaliza aproximadamente 3.339.352 possíveis imunizados.
Todos os demais poderão ser imunizados após imunização dos grupos especificados como prioritários, que merecem maior atenção diante da maior vulnerabilidade à doença e suas consequências, inclusive de morte.
Vale lembrar que se trata de um plano de vacinação emergencial que necessariamente precisa acompanhar as especificações da vacina que venha a ser aprovada pela Anvisa, ainda não disponível no mercado nacional de imunobiológicos.
Contudo, o Plano de Imunização contra a Covid-19 foi formalizado pelo Programa Nacional de Imunizações, cuja credibilidade das ações desenvolvidas são reconhecidas em todo o mundo, muito respeitado pela sociedade brasileira e por autoridades científicas nacional e internacional, o que sem dúvida, é um esteio e segurança de que o ora apresentado é o mais eficaz e pertinente no atual momento de combate à Covid-19 no Brasil.