PM que pisou em pescoço de mulher vai responder por abuso de autoridade
"Quanto mais eu me debatia, mais ele apertava a botina no meu pescoço", disse a vítima
O policial militar flagrado pisando no pescoço de uma mulher negra para imobilizá-la em Parelheiros, no extremo sul de São Paulo, foi indiciado pelo Polícia Civil por abuso de autoridade.
O caso ocorreu no final de maio durante uma abordagem da polícia a um chamado de uma ocorrência de perturbação de sossego.
Nas imagens, que viralizaram nas redes sociais, o PM João Paulo Servato tira um dos pés do chão e colocando todo o peso do corpo sob o pescoço da mulher de 51 anos, já rendida no asfalto.
Após a abordagem extremamente violenta, a vítima precisou ser levada ao hospital, com ferimentos no rosto e a perna quebrada. “Quanto mais eu me debatia, mais ele apertava a botina no meu pescoço”, disse ao programa “Fantástico“, d TV Globo, na ocasião.
O advogado da vítima, Felipe Morandini, solicitou que o caso fosse encaminhado à Justiça comum por entender o caso como tentativa de homicídio.
Já a promotora Ana Gabriela Coutinho Caetano Visconti, solicitou “a redistribuição dos autos à Justiça Militar, competente para processar e julgar” o delito de abuso de autoridade.
Para o defensor dos policiais militares, seus clientes “agiram dentro da legalidade, no estrito cumprimento do dever legal e exercício regular do direito”.
O soldado Servato e o outro PM que estava com ele na ocorrência estão afastados do serviço operacional desde que o caso foi revelado pelo “Fantástico”.
Como denunciar violência policial
Casos como esse da mulher preta que foi pisada no pescoço por um PM não são, infelizmente, raros no Brasil. Diante da retórica política que acena aos anseios de uma sociedade refém do próprio medo, a violência por parte da polícia ganha holofote, palanque e aplausos no Brasil da nova era.
Por isso, a Catraca Livre destaca diferentes ferramentas de denúncia contra a violência policia que, vale frisar, pode ir além da agressão física. Configura-se também pela intimidação moral, no uso ilegal e ilegítimo da força ou da coação. Confira aqui.