Policiais antifascistas se unem contra Jair Bolsonaro

"Somos policiais que vão contra a atual política de segurança que se concentra no extermínio dos pobres", destaca um dos porta-vozes do movimento

Em meio à disputa por alianças e apoio político na reta final das eleições, o cenário que definirá o resultado nas urnas começa a ser desenhado. Se Jair Bolsonaro (PSL) tem parlamentares ligados à agroindústria, líderes evangélicos,grande parte dos militares e policiais a seu lado, recentemente, Fernando Haddad recebeu um inesperado apoio para sua campanha.

Frente ao radicalismo que, nos últimos anos, ganhou força e se manifesta através da violência nas ruas de todo o país, uma corrente de policiais se mobiliza contra Jair Bolsonaro. Formada por cerca de mil agentes, o movimento “Policiais Antifascistas” tem como bandeira a defesa de uma política de segurança baseada no respeito aos direitos humanos.

Por uma nova polícia nas ruas, grupo defende uma atuação mais cidadã das forças de segurança em todo o país

Em entrevista ao site RFI, Alexandre Campos, que há 20 anos é policial civil de São Paulo, justifica a adesão ao movimento. Policial por vocação, segundo sua própria definição, disse que as condições dos profissionais motivaram a escolha. “Somos policiais que vão contra a atual política de segurança que se concentra no extermínio dos pobres, dos negros e da marginalização da pobreza”, diz.

Retaliação dos superiores

Entre os cerca de mil policiais que participam do grupo antifascista, destaca-se, sobretudo, a luta por uma polícia cidadã e respeitosa aos direitos humanos.

Crítico às operações policiais realizadas na Cracolândia, Campos revela que sofreu retaliação por seu posicionamento. “Por causa dessa guerra contra o narcotráfico, a polícia está realizando operações completamente ineficazes. Para desmantelar o banco de usuários de crack em São Paulo, ela disparou gás lacrimogêneo e balas de borracha. Recusei-me a participar. Uma semana depois, fui transferido para outra delegacia de polícia”.

Além disso, Campos disse se preocupar com o discurso político que prega a repressão policial. Segundo ele, se Bolsonaro for eleito, a guerra às drogas terminará em banho de sangue – e que por isso, cogita a possibilidade de deixar o país.”O candidato presidencial Jair Bolsonaro e o candidato a governador de São Paulo, João Doria, declararam publicamente que desde o primeiro dia de seu mandato a polícia atirará para matar”, relata.

Policial civil usa as redes sociais para questionar Bolsonaro

O policial civil e ativista gaúcho, Leonel Radde, ganhou notoriedade nas redes sociais após publicar uma série de vídeos contra o candidato à Presidência, Jair Bolsonaro (PSL).

Entre os vídeos divulgados, o agente fala sobre o passado de Bolsonaro no Exército, acusado de tramar um atentato terrorista, e faz uma análise sobre as polêmicas que envolvem o deputado federal.