Presidente do Ibama autoriza desmatamento na mata Atlântica

Decisão contraria parecer de área técnica do órgão, que havia negado licença

Desmatar a mata Atlântica, um dos biomas mais ameaçados do Brasil? Pode sim. E quem liberou foi o presidente do Ibama, órgão que deveria zelar pela proteção do meio ambiente do país, contrariando dois pareceres emitidos pela área técnica.

Trecho de mata Atlântica
Créditos: Adriana Mattoso/SMA
Trecho de mata Atlântica

A área que sofrerá as consequências dessa liberação está localizada no Paraná, e a empresa beneficiada, a Tibagi Energia.

Segundo informações do jornal “O Globo”, a Tibagi tentava, desde 2018, conseguir as licenças para a construção de um canteiro de obras para uma usina hidrelétrica próximo ao rio Tibagi. O canteiro vai demandar o desmatamento de uma área de cerca de 14 hectares.

Ministério deu aval para Ibama liberar petróleo em Abrolhos

Em abril de 2019, técnicos do Ibama do Paraná recomendaram fortemente que o desmate não fosse autorizado. A região, de elevado potencial ambiental, tem uma rica fauna que só existe naquela área, além de ser habitat de espécies em risco de extinção, segundo análise do grupo, requer proteção compatível à sua complexidade.

A superintendência do Ibama no Paraná concordou com o parecer e não ofereceu a licença, mas a empresa não e decidiu recorrer. O Ibama negou pela segunda vez.

Em junho, a empresa recorreu pela terceira vez, desta vez diretamente à presidência do órgão que, após oito dias, liberou o desmate. Eduardo Bim, presidente do Ibama, assinou o despacho e ainda fez críticas ao parecer dos subordinados.

Não foi a primeira vez que Bim contrariou pareceres técnicos para autorizar empreendimentos ou atividades tidas como sensíveis ao meio ambiente.

Ao “Globo”, o Ibama afirmou que o despacho foi feito com base em razões “técnicas e jurídicas”.

Leia a íntegra da reportagem.