Projeto reúne relatos de vítimas da intolerância política

A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) registrou mais de 120 agressões a comunicadores em contextos político partidário e eleitoral

A pouco mais de duas semanas para o segundo turno, o Brasil testemunha a disputa eleitoral mais polarizada e acirrada dos últimos anos.

Em um cenário cujo descrédito e insatisfação política abrem portas para manifestações de violência, inúmeros são os relatos de agressões em todo país – a exemplo do assassinato de Moa do Katendê por declarar apoio a Fernando Haddad (PT) ou a facada em Jair Bolsonaro (PSL) durante campanha eleitoral.

Ativista cultural, Moa do Katendê foi morto com 12 facadas após revelar voto em Fernando Haddad (PT)
Créditos: reprodução/Facebook
Ativista cultural, Moa do Katendê foi morto com 12 facadas após revelar voto em Fernando Haddad (PT)

Face a isso, um projeto criado na internet pretende reunir relatos de vítimas ou testemunhas de casos de intolerância política ocorridos nos últimos tempos.

Intitulado Mapa da Violência, o site faz um compilado de denúncias que expõem o lado mais perverso e insensato das eleições, que, recentemente, se instalou no país. Para saber mais sobre a iniciativa, acesse a página.

Abaixo, separamos algumas declarações das vítimas:

  • Anônimo, mulher, lésbica, 27 anos

“Estava com uma camiseta preta e um bottom do PSOL, um homem me empurrou pro chão e disse que no governo de Bolsonaro não teria espaço para vagabundas”.

  • Anônimo, mulher, lésbica, 31 anos

“Quando eu saía da escola em que votei, de mãos dadas com minha esposa, um homem fez gestos e sons de metralhadora na nossa direção quando cruzamos com ele”.

  • Fernanda, mulher, bissexual, 22 anos

“Fui agredida verbalmente hoje ao votar porque eu estava com uma calça de corte mais masculino, brincos de unicórnio LGBT e uma agenda com arco-íris e unicórnio. Sem maquiagem nenhuma. Um cara ficou olhando pra mim na fila, chegou perto e disse: “Não acredito que essas pragas vem votar, com voz de nojo e desprezo”.

  • Anni, mulher, hétero, 29 anos

“Na Paulista um vendedor ambulante ofendeu outra vendedora que estava montando sua barraquinha na paulista. A vendedora aparentemente era boliviana e estava montando sua barraquinha próxima à barraca do homem. Ele gritava frases como “volta para seu país”, “isso está perto de acabar”. Aconteceu próximo a estação Trianon Masp. Foi um cena horrível”.

  • Mulher, hétero, branca, 50 anos 

“Eu estava na calçada da rua Dona Mariana, em Botafogo. Uma senhora olhou pra mim e disse: ‘você merece ser estuprada para aprender em quem votar “. Eu estava de blusa branca, trazendo apenas um único e discreto adesivo #elenão

  •  Mulher, bissexual, branca, 25 anos.

“Quando o resultado do primeiro turno foi divulgado, pessoas em um carro na Avenida Angélica gritaram: “Chupa, suas sapatonas nojentas, filhas da put*, agora vai ter bolsa piroca pra vocês se curarem. Então um dos rapazes que estava dentro do carro abaixou as calças e mostrou o pênis para nós”.

Você sofreu alguma violência? Denuncie.