A sociedade é deficiente de informação, diz Silvero Pereira

Para a Elis Miranda da novela "A Força do Querer", a educação é uma das formas de melhorar uma sociedade deficiente e preconceituosa como a nossa

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Elis ❤️ vai ficar tudo bem!

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Campeão mundial de assassinatos de pessoas trans, o Brasil ainda precisa avançar muito em relação à informação sobre o tema.

Esta é uma das ideias de Silvero Pereira, 35 anos, que interpreta a travesti Elis Miranda na novela “A Força do Querer”, da Rede Globo.

Em uma cena simplesmente emocionante, ela relembra o momento em que foi expulsa de casa, mostrando apenas uma das diversas violências que as travestis e transexuais sofrem neste país.

E para sobreviver a isso, a personagem possui uma vida dupla: em público, ela é Nonato, motorista. E em paralelo, vive a sua verdadeira identidade, de Elis Miranda.

“Diante da sociedade patriarcal e machista em que a gente vive, em que o homem é sempre muito visto em primeiro lugar, o que mais me deixa feliz é que as pessoas neste momento da trama começam a enxergar mais a personagem Elis Miranda e menos o Nonato (…) Tem ficado claro que não é o Nonato, que a Elis se traveste de Nonato para sobreviver”, disse em entrevista ao Estadão.

A interpretação seria ainda uma maneira de oferecer mais educação e informação a uma sociedade tão preconceituosa e excludente quanto a nossa.

“Vivemos numa sociedade que tem uma deficiência de informação, por isso, vivemos numa sociedade pré-conceituosa, e essa deficiência se dá, principalmente, por conta da educação e das políticas públicas. (…) Então, uma novela que consegue atrelar questões sociais com entretenimento, mas, principalmente, de maneira artística, ela consegue de uma forma muito mais imediata atingir o telespectador pela catarse, pela identificação, pela emoção. Assim, de uma maneira sutil, a gente consegue abrir as cabeças para esse novo conceito de sociedade, que é uma sociedade mais livre”, afirmou ao mesmo jornal.

Pereira já havia dito ao O Globo que está feliz em levar aos lares brasileiros uma discussão tão importante quanto a relacionada à transexualidade. “Sempre foi um objetivo fazer com que meu trabalho tivesse uma relação com a sociedade. Então, é gratificante um papel desse na TV aberta. Estou ouvindo as pessoas falando sobre transexualidade e discutindo esse tema”, disse na ocasião.

Elis Miranda é um contraponto à personagem Ivana, disse Pereira ao Estadão, já que Ivana é um homem trans, mas que também luta para redesignar o seu corpo de acordo com a sua identidade de gênero.

Afinal, o preconceito atinge um leque de pessoas, tanto dentro do grupo LGBT como fora. “A gente sofre preconceito de todos os lados, por ser pobre, nordestino, estudar em escola pública, ter cabelo comprido e tatuagem, não só pela sexualidade”, disse.

E sobre o seu próprio gênero? Pereira não quer se definir como “o” ator ou “a” atriz, segundo a mesma entrevista ao Estadão. “Não me vejo como homem, não me vejo como mulher. Não gosto de definições“.

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