Travesti é internada à força e agredida após pedido da mãe

A vítima foi agredida por enfermeiros e levada à força para ser internada porque mãe queria “curá-la”

Por: Jonas Carvalho
Bruna, vítima de agressão
Bruna, vítima de agressão

A ignorância e a transfobia fizeram mais uma vítima entre as milhares que são atacadas no Brasil.

Trata-se de Bruna Andrade de Cesar, esposa de Bianca da Cunha Moura. “Foi um sequestro o que fizeram com minha esposa! Não tinha um médico junto com eles, nem uma determinação oficial, um laudo. A Bruna não era viciada em drogas, não apresentava distúrbios, era uma pessoa normal, estava arrumada pra ir trabalhar!”, disse Bianca ao site R7.

As duas moram em São Gonçalo (RJ). Na quinta-feira, 11, Bruna foi sequestrada e agredida por enfermeiros da empresa “Anjos da Vida Remoções Especializadas”, que teria sido chamada pela mãe da vítima, Margarida Carlos Andrade de César.

A mãe não aceitava a filha e queria “curar o filho”, segundo Bianca. A relação entre as duas nunca foi boa e o casal chegou a mudar de Estado por causa do preconceito da mãe.

Após ela dizer que passaria a aceitar a filha, as duas saíram de Minas Gerais e voltaram ao Rio de Janeiro, mas a relação se desgastou novamente e culminou na agressão à Bruna, disse a esposa ao mesmo site.

Ela afirmou que, no dia, tentou impedir que a esposa fosse levada, mas os enfermeiros disseram que “travesti para eles era ‘macho’ e que eles não teriam receio de bater”.

Eles ainda agrediram Bruna, tiraram o vestido dela na rua, a obrigaram a vestir roupas masculinas e ameaçaram cortar o seu cabelo, segundo o relato.

Um representante da empresa se pronunciou sobre o caso pelo Facebook. “A solicitante ‘mãe’ acompanhou a abordagem que foi efetuada em sua residência e o transporte do paciente até a instituição contratada por ela. Quanto a agressões nossa equipe foi agredida assim como a mãe e solicitante”, diz Paulo Rogerio, que alega representar a “Anjos da Vida”.

A Polícia Civil foi acionada no caso, segundo o G1. A delegada Debora Rodrigues, encarregada do caso, afirmou ao site que Bruna segue internada em uma clínica fora do estado do Rio de Janeiro e que o local será visitado.

Caso não haja laudo que comprove a necessidade de internação, o ato pode ser considerado como cárcere privado, de acordo com a delegada.

“Ela nunca teve surto. Estamos há três anos juntas. Inclusive a Bruna é escritora, era uma pessoa normal, sem problema. Não somos drogadas, como a mãe dela sempre diz. O único problema que a mãe dela acha que a Bruna tem é que ela é trans”, relatou Bianca à mesma reportagem.

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