Websérie #Urbano: organizadores de eventos nas ruas

Pessoas que organizam festas abertas em locais públicos contribuem para a construção de um novo olhar sobre a cidade. Inspirados por essas ações a Natura e o Catraca Livre apresentam a websérie #Urbano, que traz a história de Lili Prohmann, organizadora da Festa Disritmia, nas praias cariocas; do paulista Chico Thello, que usa uma espécie de túnel para promover encontros; e de Roger Renor, dono de uma Kombi que leva alegria a muito som para as praças de Recife. Leia um pouco mais desses artistas urbanos:

Lili Prohmann – Festa Disritmia (RJ)

Lili leva mais que festa e sim amor para as praias

A jornalista Liliane Prohmann, 27 anos, assumiu o papel de DJ e passou a atender como Lili Prohmann, levando música brasileira por onde passa, há quatro anos. É ela a idealizadora da Festa Disritmia, que garante o pós-praia durante o verão carioca na Pedra do Leme, com um repertório diferenciado com músicas que normalmente não estão nos sets dos DJs.

“Com 21 anos me mudei para Lisboa e lá comecei a estudar. Quando voltei para o Brasil, fui tentando me inserir na cena”, conta. Hoje, a DJ comanda a festa que é uma das representantes do movimento de ocupação do espaço urbano que acontece no Rio de Janeiro, que surge em resposta aos preços altos praticados na cidade.

“A Disritmia nasceu há dois anos com o intuito de formar público, após uma festa em uma casa na Lapa, que reuniu apenas 22 pessoas. Fui para a rua com o único intuito de tocar, não imaginava que o evento se tornaria uma ocupação urbana”, afirma Lili. Atualmente, a festa reúne em média 5 mil pessoas. “Atingimos a massa. No inicio reuníamos só os amigos, depois os que já estavam na praia se juntaram e com o tempo as pessoas já saiam de casa para ir à disritmia”, relata.

A festa acontece durante o verão e em 2014 chegará a sua terceira temporada. Durante o restante do ano, Lili segue tocando em outras festas e atuando na sua carreira como jornalista. No ano passado chegou a realizar edições da Disritmia em espaços fechados durante o inverno, mas não gostou da experiência. “ Tivemos publico nas edições que chamamos de Disritmia Monset, mas não gostei do resultado. A festa nasceu para ser feita em locais abertos, de graça, no fim da tarde. Esse é o conceito da Disritmia. As músicas que a gente toca não combinam com a noite carioca ”, afirma.

No primeiro ano, Lili passava o chapéu para ajudar nos custos com a produção do evento e o crescimento do evento fez a Disritmia entrar em um financiamento coletivo pelo Catarse em 2013. “Nesta temporada estou buscando um patrocinador, também me inscrevi em editais”, conta a Dj que tem planos de levar a festa para São Paulo e cidades do Nordeste.

“Quero seguir fazendo a Disritmia, levar a festa para outros lugares, sem deixar o Rio. O sucesso do evento, em relação a muitos outros que acontecem nas ruas, se deve, entre outras coisas, a nossa organização e o local, que dispensa comentários, sem dúvidas ajuda”, diz. A temporada 2014 da Disritmia está programada para 2014.

As fotos são da página do Facebook da Disritmia:

Chico Tchello – Buraco da Minhoca (SP)
Bem no dia do aniversário da cidade de São Paulo, comemorado em 25 de janeiro, um grupo “rebatizou” de Buraco da Minhoca, um dos pontos mais urbanos da capital paulista. Trata-se de um vão que fica passa embaixo da Praça Roosevelt , entre o Minhocão e a rua Augusta.

O local passou a ser encontro das pessoas que queriam ouvir um som e se reunir em meio a cidade. Um dos participantes, Chico Tchello, explica que tudo aconteceu de maneira natural, sem muito planejamento anterior. A luz forte incomodava, então decidiram ficar na frete do refletor para encobrir um pouco, isso acabou chamando a atenção das pessoas que desciam a rua Augusta.

“Os demais acontecimentos lá é que surgem conforme o povo organiza e aí é tudo orgânico. Tipo o Daniel Scandurra quis fazer o aniversário dele lá, aí bolou tudo. Dois amigos Djs resolveram fazer um evento chamado Fuderosa. O George, mestre de maracatu, decidiu ensaiar o bloco dele lá e eu fui convidado. A Banda Exu do Raul fez show na rua e cortejo até lá, enfim, as coisas vão rolando muito naturalmente”, diz Tchello.

No Buraco da Minhoca o único evento que tem data certa é o sarau, que acontece todo último domingo do mês.

 Roger de Reno – Som na rural (PE)

Na cidade de Recife (Pernambuco), muitas são as maneiras de se comunicar. Uma delas é o ‘Som na Rural’, comandada por Roger de Renor, 50. Roger tido como um produtor antenado com a cena cultural pernabucana, um cara preocupado com políticas públicas e o bom uso de espaços abertos.

“A Rural (nome do veículo) é literalmente um veículo de comunicação, que toma parte das ruas. Com isso a gente faz uma política de disseminação da poesia”, explica.

A ideia do artista urbano é difundir cultura, através de música, poesia e diversas manifestações artísticas. ‘Rural’, diga-se de passagem, é uma espécie de uma van bem da estilosa, composta por caixas de som e toda sexta-feira para em algum lugar de Recife para ser o palco de apresentação de vários artistas. Tudo isso, gratuitamente.