As semelhanças entre o corinthiano Lula e palmeirense Bolsonaro

 
 

Sou uma pessoa informal.

Não uso terno.

Muito menos gravata.

Sempre que posso, vou trabalhar de chinelo.

Não tenho mesa.

Apenas uma confortável poltrona.

Confesso: deixo de ir a eventos que me exijam trajes formais.

Até porque tenho cada vez menos paciência para conversar sobre o que não me interessa.

Tenho cada vez menos paciência comigo – imagine com os outros.

Mas fiquei incomodado com o traje de Jair Bolsonaro na reunião ministerial  em que apareceu trajado com uma camiseta do Palmeiras.

Para piorar, uma camiseta falsificada.

Até consigo entender que Bolsonaro quer fazer o marketing  do  “homem do povo”

Mas, ali, me sugeriu a falta de compreensão sobre seu cargo.

O traje se combina com os barracos da família Bolsonaro.

Essa mistura que ele faz da família com a presidência é uma falta de postura.

Seu filho Carlos , sem cargo, critica um alto funcionário do governo e o chama de mentiroso.

Um amigo íntimo de Carlos, apelidado de Leo Índio, também sem cargo, circula livremente pelo Palácio do Planalto.

Eduardo Bolsonaro se comporta, muitas vezes, como ministro.

Bolsonaro protege seu filho Flávio esquecendo que, agora, não é apenas pai. Mas presidente.

Impossível não lembrar Lula, também informal .

Sempre usou o marketing do homem comum.

Também, digamos, flexível na mistura dos negócios públicos e privados.

Lembro que Bolsonaro quis matar ( isso mesmo, matar) o intelectual Fernando Henrique Cardoso e votou em Lula.

Consigo imaginar, fora da política, Lula e Bolsonaro conversando horas e mais horas, rindo e se divertindo.

Não consigo imaginar dez minutos de conversa entre FHC e Bolsonaro.

Esse voto revelava uma identificação de estilos.

Mas Lula não teve a coragem de ir a uma reunião ministerial no Palácio do Planalto vestindo a camisa do Corinthians.