Carta aberta: caro aluno Bolsonaro, loucura tem limite.

Caro senhor presidente Jair Bolsonaro.
Gostaria de dizer apenas uma frase que, certamente, Vossa Excelência concorda.
Não existe nenhuma profissão tão revelante como a de professor. E por um simples motivo: sem o professor não existiria mais nenhuma profissão.
Quem, afinal, iria formar os médicos, engenheiros ou militares?
Vossa Excelência certamente tem na memória o afeto a vários instrutores nos tempos da caserna que o ensinaram a saltar de paraquedas. Ou sobreviver nas mais difíceis situações.
Sabe, portanto, o respeito que um aluno deve dedicar a um professor.
Em seu caso, um respeito de quem aprendeu literalmente a voar, ao manejar paraquedas.
Respeito que o senhor tenha uma visão de educação. Discordo. Mas respeito. Afinal, Vossa Excelência se elegeu com essa visão.
Mas, caro presidente, loucura tem limite.
Seu ministro da Educação colocou para chefiar o Inep, onde está o estratégico Enem, um economista chamado Murilo Resende Ferreira.
Veja, presidente, o que ele diz: “professores pregam incesto, pedofilia e aborto”.
Alguns de seus filhos já foi estimulado por um professor a praticar o incesto ou a pedofilia?
Aliás, Vossa Excelência conhece alguém cujo professor disse em sala de aula que incesto e pedofilia deveriam ser praticados em casa.
O senhor sabe que Murilo responsabiliza o regime militar – isso mesmo, o regime militar do qual o senhor tão orgulhosamente fez parte – de ter protegido os marxistas?
Vossa Excelência deve estar que eu estou mentindo.
Leia aqui esse depoimento que ele deu sobre como os “marxistas” foram protegidos pelo regime militar:
“Esse estágio atual que a gente passa na educação brasileira nasceu em muito sentido já no regime militar. Onde a gente viu o regime militar adotar uma famosa tese da panela de pressão, que para contrabalancear a esquerda guerrilheira, a esquerda lá do Araguaia, eles deveriam dar um espaço a esses marxistas dito democráticos, que não tinham aderido à luta armada. E o espaço deles deveria se dar nas escola”.
Quero concluir respeitosamente, senhor presidente, dizendo: loucura tem limite.