Coluna Folha: ainda é cedo para falar em impeachment de Bolsonaro

Por: Redação

O advogado Luis Francisco Carvalho Filho não é apenas um colunista da Folha – ótimo colunista, aliás.
É também um antigo e influente conselheiro da direção do jornal em questões legais.
Nesta coluna hoje ele mostra sua repugnância a Jair Bolsonaro.

A definição do crime de responsabilidade é suficientemente ampla e imprecisa para alcançar a estupidez cotidiana de Bolsonaro, a ausência absoluta de modos, a imoralidade intrínseca à sua personalidade, a violência que estimula, os ataques que desfere, diretamente ou por intermédio dos ministros ridículos que nomeou, ao ordenamento jurídico (Constituição, leis e tratados internacionais) e a perigosa permissividade que concede aos filhos para a usurpação de poderes.

Mas considera muito cedo um impeachment do presidente.

Impeachment é resultado de uma série de fatores.

É necessária a combinação fulminante de três fatores –o delito, a desmoralização e o isolamento. A favor de Bolsonaro, há a falta de credibilidade das lideranças alternativas.

Mas se houver uma crise econômica derivada, por exemplo, da não aprovação da reforma da previdência, a situação mudaria, segundo Luis Francisco.

Jair Bolsonaro tem a possibilidade de realizar uma reforma da Previdência, ainda que o projeto ideal seja desfigurado, e ganhar fôlego para a retomada do crescimento econômico. Mas se desperdiçar o acervo de confiabilidade que o processo eleitoral ainda lhe concede será enxotado do Palácio do Planalto, inclusive pelo mercado, como a mais repugnante liderança da história brasileira.