Dimenstein: Bolsonaro vai dar mamata aos comunicadores amigos?

 

Sempre defendi cortar e racionalizar gastos públicos, por achar que existe na máquina pública um monumental desperdício, fruto de terríveis pressões.
Sou dos que acreditam que um pais apenas se desenvolve com educação, inovação e espírito empreendedor. Isso significa mais recursos para educação e menos peso nas costas dos empresários – ou seja, impostos.
Por coerência, sou obrigado a concordar com cortes em verbas de publicidade defendido hoje por Bolsonaro.
O dinheiro deve ser gasto com critérios técnicos, baseados num princípio elementar: o investimento em publicidade deve alcançar o máximo de pessoas com um mínimo de recursos para favorecer causas públicas.
Isso significa que o dinheiro não pode ser usado para promoção pessoal ou de governo – o que sempre acontece, especialmente em ano eleitoral – proteger amiguinhos na mídia ou se vingar de veículos que façam reportagens que irritem os donos do poder.
A sinalização de Bolsonaro foi a de que ele iria usar o dinheiro da publicidade para punir “inimigos” – o que, por consequência, seria ajudar “amigos”.
Mais grave ainda ele dizer que não houve censura no regime militar, mostrando absoluta ignorância sobre história e jornalismo.
Basta ver que o guru de Bolsonaro – Olavo de Carvalho – escreveu que os jornalistas são os “maiores inimigos do povo”.

Não é uma atitude muito diferente de Carlos Bolsonaro, a quem o presidente eleito pensou em colocar como responsável pela verba publicitária do governo.
Devem colocar no lugar um publicitário chamado Floriano Amorim, assessor de Eduardo Bolsonaro, que segue a mesma linha de ataques à imprensa do clã Bolsonaro.
Ainda vamos ter que observar se o dinheiro público no caso da publicidade não vai virar uma mamata?