Dimenstein: João de Deus e o estupro de Damares Alves

O caso João de Deus e o abuso sexual cometido contra Damares Alves são parte de um mesmo jogo de poder.
E não apenas do poder dos homens contra as mulheres. Ou dos adultos contra crianças.

A pastora revelou que foi estuprada por dois pastores da igreja que ela e a família frequentavam. Aos 10, ela pensou em se matar e conta que subiu em uma goiabeira com veneno de rato dentro de um saquinho plástico. A explicação do que a fez desistir foi “ter visto Jesus”.

“O primeiro abusador foi às vias de fato. Fui estuprada por dois anos. Ele dizia que eu era ‘enxerida’, que a culpa era minha e que, se falasse, meu pai morreria”, diz a futura ministra.

O segundo, que a machucou quatro vezes, em uma delas, ejaculou em seu rosto. “Falar sobre isso me dói. Me expor custa demais. Mas entendo que preciso passar a mensagem de que sobrevivi.”

O que se ressalta aqui é como as pessoas usam a fé para abusar do poder – e, em muitos casos, conseguem o silêncio de suas vítimas.

Não estamos falando apenas de estupro, mas de poder político – ou seja, eleições – ou simplesmente negócios.