Dimenstein: não sou cubano, mas sou escravo do Estado
O caso dos médicos cubanos trouxe um debate sobre seus salários – 70% ficam com o governo. É injusto?
A partir daí, Jair Bolsonaro chegou a comparar essa situação a trabalho escravo. É um exagero, claro.
Mas quero aproveitar esse exagero para dizer que também me sinto – usando esse mesmo critério – escravo.
Não pago 70% do que ganho ao Estado. Trabalho 5 meses por ano apenas para pagar o governo. Até aí eu não reclamaria.
Não reclamaria se estivesse na Suécia, na Dinamarca ou na França, onde a educação pública é de qualidade.
O problema é que o retorno desse dinheiro é mínimo em saúde, educação e segurança.
Sou obrigado, na marra, a manter o auxílio-moradia dos juízes, mesmo eles tendo casa onde trabalham; a aposentadoria das filhas de militares ( somos um país sem guerra), um funcionalismo inchado e ineficaz, os rombos bilionários das aposentadorias dos servidores públicos.
Vou ter que bancar mais R$ 6 bilhões se Temer não vetar o aumento dos juízes do STF – isso por que eles acham R$ 33 mil pouco – ainda recebem uma série de penduricalhos.
Isso sem contar os casos de corrupção.
Daí que sinto que meu dinheiro é jogado fora todos os dias.
Ou seja, trabalho 5 meses por ano apenas para manter governos perdulários e incompetentes.