Dimenstein: o que Ratinho não confessa sobre sua ligação com Bolsonaro

Apresentador do SBT recebe dinheiro para ser garoto-propaganda do governo Bolsonaro

19/06/2019 11:09 / Atualizado em 21/06/2019 13:49

Ratinho virou uma espécie de porta-voz extra-oficial do Governo Bolsonaro.

Não há, em teoria, nenhum problema.

Os comunicadores devem ter liberdade de expressão – mesmo para tomarem partido.

É uma atitude respeitável.

Um comunicador não necessariamente deve ser isento: basta explicitar suas preferências.

Mas o problema do Ratinho é outro: ele recebe dinheiro do governo Bolsonaro, além de ser pai um governador, com interesses de relacionamento com o poder central.

É por esse ângulo que deve ser vista a entrevista que ele fez com Sérgio Moro.

Veja o texto da Catraca.

O apresentador quis saber se Moro estava preocupado com “o ataque criminoso de hacker” que teria sofrido, e o ministro limitou-se a dizer que estava tranquilo quanto a isso.

Sergio Moro concedeu entrevista a Ratinho, no SBT
Sergio Moro concedeu entrevista a Ratinho, no SBT - Reprodução/SBT

Ratinho ainda teceu elogios a ele e até o chamou de “herói”: “Muito orgulhoso de receber aqui esse que, não sou eu que acho, mas a grande maioria da população brasileira acha, o nosso herói. Nosso herói não tem capa. Não voa, não é homem de aço. Mas é o único herói brasileiro no momento e tem feito um trabalho fantástico”.

Em outro momento do bate-papo amistoso, o comunicador disseminou uma fake news envolvendo Jean Willys, gratuitamente. “Eu estava lendo, não sei se é fake news, que está vinculado um milionário russo, que deu dinheiro para um jornalista muito conhecido. Esse jornalista é namorado de um deputado e comprou o mandato do deputado Jean Wyllys. Tudo isso eu recebi, não sei se é fake news. Recebi! Se for verdade, é muito maior do que a gente imagina. Porque envolve outro país”, disse ele, sinalizando que a informação provavelmente é falsa, fato que então deveria ser ignorado pelo apresentador.

Moro, por sua vez, não comentou a informação dada por Ratinho, mas defendeu que o vazamento das suas conversas é um assunto grave, que envolve um “grupo criminoso” interessado em “obstaculizar investigações” ou buscar anular condenações da Lava Jato.