Dimenstein: ong criada por Damares acusada de tráfico de criança

Futura ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves fundou a ong Atini, envolvida em polêmicas com indigenistas e Ministério Público – Damares, como se sabe, também vai ter em sua pasta a responsabilidade pelos índios.

Indigenistas e Ministério Público acusam a ong de tráfico e sequestro de crianças além de incitação ao ódio contra indígenas.
Damares ficou na entidade até 2015, quando foi trabalhar com o senador Magno Malta. Ela é mãe de uma criança indígena – mas, nesse caso, não há nenhuma acusação.

A Folha de S. Paulo investigou as denúncias contra a ong. Reproduzo aqui trecho da reportagem:

“Há atualmente ao menos três ações judiciais contra a Atini. Uma delas corre em segredo de Justiça numa vara federal em Volta Redonda (RJ).

No documento, ao qual a Folha teve acesso, a peça central é uma indígena de 16 anos da etnia sateré-mawé que foi levada para uma chácara da Atini em 2010, pelo tio materno (que a registrou como filha) e sua esposa. Ali engravidou de um rapaz de outra tribo.

Segundo os procuradores, o casal que depois adotaria seu bebê diz que a adolescente “portava transtornos mentais e possuía histórico de maus-tratos pelos pais, o que teria motivado a ONG a retirá-la do convívio com os índios”.

Afirma ainda que a a jovem teria “atentado contra a vida da filha por duas vezes”.

O Ministério Público pede o retorno da criança para a mãe, que já retornou à sua tribo, no Amazonas. A criança está hoje sob tutela provisória do irmão de uma das donas da Atini, Márcia Suzuki.

Para os procuradores, a história “foi retorcida e distorcida até fazer parecer uma adoção comum de uma criança vulnerável de mãe incapaz por um casal de classe média de Volta Redonda”. Seria, no entanto, “mais um exemplo da atuação sistemática desses grupos missionários contra os povos indígenas e seus modos de vida, com o fim de fazer valer unilateralmente a concepção daqueles sobre a destes”.

É mais uma história que mostra como a religião pode influenciar políticas públicas – afinal, Damares deve agora cuidar dos índios.

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