Dimenstein: por que aceito o ensino domiciliar e a maconha
Esse debate sobre ensino domiciliar tem muito mais a ver com eleição do que educação.
Mas me sinto obrigado a respeitar esse direito.
Apenas uma ínfima minoria vai estudar em casa, enquanto temos mais de 45 milhões de crianças e adolescentes na escola.
Essa foi uma promessa de campanha para atender os evangélicos.
Não recomendaria a ninguém ensino domiciliar.
Eu passei por duas universidades de ponta ( Harvard e Columbia). Sem falsa modéstia digo que sou bem-sucedido em minha carreira – o que exige uma série de conhecimentos nas mais variadas áreas.
Tive dois casamentos com duas mulheres que, ao contrário de mim, sempre foram as melhores alunas no ensino médio e fundamental.
Minha atual mulher – Anna, educadora – tem trauma até porque um professor de português lhe deu a única baixa em toda a sua vida escolar. Ela jura que foi perseguição.
Âmbar, mãe dos meus filhos, era bolsista em uma das escolas mais tradicionais de São Paulo ( Dante). Era obrigada ( e fazia sem grande esforço) a tirar notas altas.
Mesmo assim, eu jamais ousaria educar meus filhos em casa.
Não me sentiria habilitado a compensar a experiência de socialização.
Nem saberia ensinar química, física e matemática.
Feitas as ressalvas, digo que devo respeitar a decisão dos pais que querem ensinar seus filhos em casa.
Podemos advertir sobre os riscos, mas eles devem ter a liberdade de escolher.
É a mesma coisa que falo sobre a maconha.
Não fumo, não uso drogas e sou abstêmio – não bebo uma gota de álcool.
Mas não quero prender quem fuma maconha.
Odeio o cigarro, que eu considero ainda pior do que a maconha.
Mas não vou querer proibir.
Nosso papel como educadores e comunicadores é advertir, informar e até tentar convencer.
A decisão, porém, é do indivíduo.
Os pais que assumam a responsabilidade de ter filhos que não conseguem entrar no mercado do trabalho.
Ou saiam por aí repetindo asneiras sobre Darwin ou genética, não entendam o que é hélice dupla do DNA, Big Bang, sistema heliocêntrico.