Dimenstein: por que sinto vergonha de Jair Bolsonaro nos EUA

Estou acostumado a cobrir várias visitas de presidentes brasileiros aos Estados Unidos, onde morei por duas vezes.
Pela primeira vez, eu senti vergonha.
Não foi raiva nem pena.
Apenas vergonha.
Vou logo dizendo: não sou daqueles que detestam os Estados Unidos.
Pelo contrário: ali frequentei as universidades Columbia e Harvard, onde pude admirar o poder inovador de um país.
Começa com Eduardo Bolsonaro ofendendo os imigrantes brasileiros – gente trabalhadora, vítima da miséria e do desemprego.
Depois vem o pai falando que a maioria dos imigrantes tem intenções ruins.
Isso num país, como o Brasil, feito por imigrantes que levaram ao país empreendedorismo e inovação.
É um desconhecimento histórico avassalador.
Parecia um subserviente aos interesses de uma nação estrangeiras, como se fôssemos uma nação inferior.
Até onde sei, Bolsonaro não é nome indígena.
Na recepção, um convidado de honra é um supremacista branco – Steve Banon – junto com uma fraude intelectual ( Olavo de Carvalho).
Olavo chamou seu vice presidente de “idiota”. Mesmo assim mereceu um lugar de honra ao lado de Bolsonaro.
O supremacista Steve Banon também se sentiu no direito de atacar Mourão.
Nosso ministro das Relações Exteriores é um ser primário: acredita que aquecimento global é uma invenção das “esquerdas”, é refém de teorias conspiratórias das mais grosseiras como “marxismo cultural” ou até mesmo hábitos sexuais.
Nem sequer conhece a língua inglesa com a profundidade exigida para esse cargo.
Escreve palavras em inglês que, na visão de fora, soa antisemitismo, embora ele não me pareça antisemita.
Quando fugiu do roteiro, Bolsonaro não foi a um dos incríveis museus de Washington, mas visitar a CIA, cuja chefe é acusada de promover tortura.
Nas entrevistas, foi obrigado a responder sobre seu envolvimento com milícias, além de comentários depreciativos sobre mulheres, negros e LGBTs.
Para completar, deixou a frase que será eternizada de que veio mas para destruir o que existe do que construir algo novo.
Para completar, anunciou que os americanos não precisam mais de vistos para entrar no Brasil, enquanto brasileiros são muitas vezes humilhados em aeroportos brasileiros.