Dimenstein: queimada da Amazônia faz Bolsonaro ter problemas com Papa

Brigar com Macron com Angela Merkel por causa da Amazônia é fácil.
Vamos ver como ele vai encarar brigar com o Papa Francisco.
Afinal, o papa convocou para o Vaticano um encontro ( Sínodo) para defender a Amazônia e os povos indígenas.
O tom do encontro já é dado pelo cardeal Dom Cláudio Hummes, amigo pessoal do papa e um dos principais articulares do Sínodo.
A Igreja Católica, segundo ele, quer pressionar Bolsonaro a tomar a cuidar da floresta amazônica e defende ajuda internacional ao País.
Segundo o cardeal, essa posição isso não representa desrespeito à soberania nacional.
O que se pretende é mais simples: chamar a atenção para os efeitos da crise ambiental.
Se enfrentar o papa, Bolsonaro terá de arrumar uma briga com os católicos.
Ainda mais se tentar apresentar o papa como “esquerdistas” – e é o que ele acredita.
Vale a pena ler esse trecho da coluna de Ricardo Noblat:

A Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), que se nega a ser reconhecida como o Serviço Secreto do governo, mas que é o que é, espiona padres, bispos e cardeais que preparam o Sínodo da Amazônia convocado pelo Papa Francisco e a realizar-se em Roma a partir da primeira semana de outubro próximo.

Foi Jair Bolsonaro que, ontem, confirmou a informação publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo em fevereiro último e desmentida à época pelo Gabinete de Segurança Institucional da presidência da República. Bolsonaro não falou em “espionagem”. Preferiu usar o termo “monitorar”, que significa vigiar, acompanhar.

“Tem muita influência política lá, sim”, afirmou Bolsonaro em almoço com jornalistas no quartel-general do Exército, em Brasília. Quando lhe perguntaram sobre o monitoramento da Abin, respondeu que a agência monitora “todos os grandes grupos”. Quando lhe perguntaram se o Papa é de esquerda, esquivou-se:

– Não vou arrumar confusão com os católicos. Só posso dizer que o Papa é argentino.