Dimenstein: respeito o autoexílio de Jean Wyllys, mas discordo

Jean Wyllys tem um papel relevante no Brasil: aumentar a representatividade do Congresso, defendendo a causa da diversidade e da tolerância no geral, e da diversidade, em particular.
Ele representa milhões de pessoas – gays, seus parentes e amigos unidos pelo preconceito e violência.
Entendo seu medo de ser morto num país violento em que a família que está no poder tem ligações com as milícias.
Acredito, porém, que os Bolsonaro podem ser desequilibrados, mas não a ponto de comprometer todo o seu futuro querendo seu nome seja associado a mais um assassinato – ainda mais de um deputado federal.
Já estão tendo de responder pelo seu envolvimento com as milícias e a morte da vereadora Marielle Franco.
Está me causando nojo – e essa palavra é até amena – a comemoração feita pelos homofóbicos, além de Bolsonaro e seus aliados, com a decisão do deputado de ir embora do Brasil.
É como se celebrassem o medo e a intolerância.
O que me incomoda no autoexílio é o sinal que manda a milhões de pessoas, especialmente as mais vulneráveis, que estão temerosas com a intolerância que cresce no Brasil.
O gesto não apenas vai aumentar o medo – afinal, nem um deputado federal se sente protegido – mas abater o ânimo dos que desejam um país civilizado.
É exatamente neste momento que o Brasil precisa de pessoas com Jean Wyllys para ajudar a termos uma nação civilizada.
A vida é dele – e vou respeitar.
Mas temos que produzir mais pessoas de todas as ideologias – esquerda, centro ou direita – que ajudem a combater a intolerância