Dimenstein: Suzano explica por que detesto o sinal de Bolsonaro

Não sou irresponsável para relacionar o massacre na escola de Suzano com a defesa de Jair Bolsonaro da flexibilização.
É um assunto complexo para ser explicado apenas por uma causa.
É um debate que envolve desestrutura familiar, drogas, marginalidade, escola, acesso a armas, games e até fóruns fechados de culto à violência.
Há décadas tenho foco de interesse em direitos humanos, violência e juventude.
Viajei pelo Brasil coletando dados para reportagens investigativas sobre a violência entre jovens – o que me ajudou a aprender como assunto é complexo, envolvendo várias áreas acadêmicas: psicologia, psiquiatria, neurociência, bioquímica, urbanismo, pedagogia ou sociologia.
Bioquímica?
Sim: basta ver estudos sobre o efeito em neurotransmissores de jovens abusados na infância.
Urbanismo?
Sim: cidades sem espaços de lazer e inclusão estimulam a violência por estimular a marginalidade.
Um dos fatores é o estímulo à cultura da violência, banalizando a morte.
A cultura da violência implica a reverência às armas como solução aos conflitos.
Justamente por isso, fico irritado com o sinal simulando uma arma de Bolsonaro.
Muita gente acha engraçadinho.
Até ingênuo.
Em essência, é mais um sinal de estímulo à violência, vinda do homem mais importante do Brasil.
Um sinal que veio acompanhado de apoio às milícias, chefiadas por pessoas que hoje se vê, como na morte de Marielle Franco, que são mais uma faceta do crime.
Basta ver também como em grupos fechados jovens saudaram os atiradores de Suzano como heróis e exemplos a serem seguidos.