Jornalista se infiltra no curso de filosofia do guru de Bolsonaro

O filósofo Olavo de Carvalho, guru de Jair Bolsonaro, costuma reclamar que os jornalistas não se interessam em fazer seu curso online de filosofia.
Mas a revista Época topou o desafio.
Esse um dos destaques do Canal Meio
O texto é do jornalista Denis Russo Bugierman, que não perdeu nenhuma aula durante 3 meses do COF ( Curso Online de Filosofia) .

Veja algumas de suas conclusões:

“Aprendi a entender a origem do carisma de Olavo.
As pessoas o admiram porque enxergam a dedicação extrema à missão que ele escolheu, ao mesmo tempo que percebem uma certa vulnerabilidade por trás da casca de filósofo durão.
Aprendi também que é mentira que os seguidores de Olavo sejam todos pessoas com deficiência intelectual ou ressentidas.
Tive conversas profundas com gente inteligente e seriamente empenhada em aprender. Não é a burrice que atrai gente ao COF, é outra coisa.
Suspeito que seja a busca de pertencimento, do acolhimento de um vovô que ao mesmo tempo tem a aura sábia de alguém que está entendendo tudo — quando está tão difícil entender as coisas — e a informalidade de quem não tem papas na língua.
Aprendi também que, no fundo, toda a obra de Olavo tem por trás a intenção de atacar alguém ou alguma coisa.
Olavo pode até se importar com o conhecimento, mas se importa mais com a guerra. Aprendi que quase toda a obra de Olavo é uma tentativa de negar a complexidade do mundo.
Ele quer voltar no tempo, para um mundo que ele fosse capaz de entender: onde só há dois sexos, Newton basta (sem as incertezas da relatividade e física quântica), preocupar-se com o clima é assunto para São Pedro e todo mundo que não é bom é mau.
Um mundo cristão, de cultura clássica, sob o comando de quem parece estar no comando — melhor se for alguém bem autoritário.
Um mundo que possa ser apreendido inteiro por uma única mente brilhante. Aprendi, mais que tudo, sobre a força demolidora do insulto para impedir qualquer possibilidade de diálogo.
Olavo é um artista da ofensa.
Mas ele faz isso com a erudição de alguém que lê muito.” (Época)