O maior problema da reforma da previdência tem apenas uma palavra

A palavra é óbvia: Bolsonaro.
Simples assim: Bolsonaro.

Qualquer reforma da previdência é difícil.

Afinal, todos perdem direitos.

Ninguém goste de perder por mais inadequados que sejam.

A reforma da previdência alcançou um gigantesco apoio entre formadores de opinião – e não até em pessoas de esquerda.

Quem sabe fazer conta está consciente de que o Brasil quebra.

Para aprovar a reforma da previdência, basta Bolsonaro repetir o que fez na campanha.

Bastaria focar no assunto: berrar, martelar, repetir.

Precisaria conversar com um por um dos parlamentares em cafés, almoços, jantares.

Mostraria os números do colapso que se avizinha.

Mostraria que, sem a reforma, todos quebram – a começar dele e de sua base política.

Mas o que ele está fazendo?

Brigando com aliados em potencial: a começar dos meios de comunicação que, em sua maioria, apoiam a reforma, sem pedir nada em troca.

Aí fica perdendo tempos vendo “inimigos” por todos os lados.

Transforma um potencial aliado – Rodrigo Maia – em adversário.

Gasta seu tempo com bobagens na rede social, pilotadas por seu filho Carlos.

Estimula ou é conivente com tipos como Olavo de Carvalho que provocam ainda mais conflitos com o Congresso e com aliados como os militares.

Para negociar a reforma, ele colocou uma inexperiente destemperada como Joice Hasselmann.

Ou outro inexperiente como major Vitor Hugo, que não tem o respeito nem do PSL.

Resolve, então, fazer uma guerra contra a “velha política” sem dizer qual a “nova política”.

Não tem nem velha. Nem nova.

É como se negociar com o Congresso transforma alguém necessariamente em bandido.

O tempo passa.

Bolsonaro se desgasta nas redes sociais. Perde popularidade.

E fica com menos força para negociar a reforma.