Avaaz: uma arma na luta pela democratização da cultura no universo digital

“Há momentos em que a história é escrita não pelos poderosos, mas pelo povo." (Ricken Pate, cofundador e presidente do Avaaz)

A atual tramitação de leis antipirataria como a Sopa (Stop Online Piracy Act ou pare com a pirataria on-line) e a Pipa (Protect IP Act ou ato para proteção da propriedade intelectual) no Congresso dos Estados Unidos tem gerado protestos pelo mundo todo e estimulado uma rica discussão acerca dos limites entre a criação e o acesso à produção cultural na Era da internet.

Em meio a manifestações online, a ataques hackers de organizações como o Anonymous e a um acalorado debate em blogs e redes sociais, um site vem se mostrando uma importante ferramenta de mobilização. O Avaaz – que em diversas línguas europeias, do Oriente Médio e asiáticas significa “voz” – tem como principal objetivo levar a “voz” da sociedade civil à política global.

Alcance Global

Fundado em 2007, o Avaaz foi uma iniciativa conjunta da Res Publica, grupo global de apoio à cidadania, e do Moveon.org, comunidade virtual pioneira em ativismo via internet nos Estados Unidos. A equipe de cofundadores incluía um grupo de seis empreendedores sociais de diferentes países, entre eles Ricken Patel, um jovem canadense de trinta e poucos anos, atual presidente e diretor executivo da organização.

Hoje o Avaaz opera em 15 línguas e conta com mais de 12 milhões de membros espalhados por 194 países, incluindo a China e o Irã, onde é ilegal. A ideia é chamar a atenção de multidões ao redor do mundo para causas urgentes de relevância política, social e ambiental e mobilizá-las para pressionar autoridades públicas e empresas privadas a promover as mudanças necessárias. “Queremos diminuir a distância entre o mundo em que vivemos e o mundo em que a maioria das pessoas gostaria de viver”, explicou Ricken Patel à repórter Sarah Bentley, do jornal britânico The Times.

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A autoria da Sopa é de Lamar Smith, do Partido Republicano, e de um grupo bipartidário de 12 membros da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos

Resistência digital

A plataforma funciona de maneira muito semelhante aos tradicionais abaixo assinados, com a diferença de que tem seu alcance, sua agilidade e sua capacidade de mobilização amplificados pela internet. Os países com o maior número de membros cadastrados são o Brasil e a França, com mais de 1 milhão cada um. Por aqui, algumas campanhas importantes foram bem sucedidas como a que resultou na aprovação da Lei Ficha Limpa no Congresso.

Atualmente duas causas levantadas vêm se mostrando urgentes no Avaaz. A primeira, “ACTA: A nova ameaça para a Internet” é pela rejeição da ratificação do Acta (Acordo Comercial Antipirataria). E a segunda, “Salve a Internet – a pressão está funcionando!” é contra o Pipa (Ato de Proteção à Propriedade Intelectual) e a Sopa (Lei de Combate à Pirataria Online). Seus mobilizadores lutam por uma internet livre e aberta e contra medidas que, segundo eles, limitariam a rede enquanto ferramenta global de troca de ideias e manutenção da democracia.

Clara Caldeira

Por Clara Caldeira

Jornalista, escritora e pesquisadora, especialista em gênero e meio ambiente. Apaixonada por literatura e pelas artes oraculares, está sempre em busca de formas de conectar seus estudos e suas paixões.