Bolsonaro não sabe: Folha, Estadão, Globo e Veja são seus aliados

A família Bolsonaro trava uma guerra com os veículos de comunicação.
Imagina que venceria essa guerra ameaçando com o corte de verbas. Mas os grandes jornais dependem muito pouco dessas verbas.
E não arriscariam seu negócio, que depende da imagem de independência, mostrando-se chapa brancas. Nós sabemos que, mais cedo ou mais tarde, os governos se desgastam – e aí o leitor vai embora.
Bolsonaro não sabe que os principais veículos de comunicação são seus aliados no que é essencial.
Simples entender.
Existe uma questão vital para Bolsonaro, sem a qual seu governo acaba: a reforma da previdência.
Se uma reforma sólida não for aprovada haverá um tremendo impacto negativo, com graves repercussões econômicas.
É sabido que, sem essa reforma, o Brasil quebra: estamos falando aqui de um buraco anual nas contas de R$ 300 bilhões. Mais do que uma Petrobras.
Mas para mexer na previdência, Bolsonaro vai enfrentar organizados grupos de pressão, a começar dos militares.
São os grupos privilegiados os que mais sabem fazer barulho, afetando os parlamentares.
Todos os grandes veículos de comunicação como Folha, Veja, Estadão ou Veja têm alertado há muito tempo sobre a importância da reforma.
Não tenho nenhuma admiração por Bolsonaro: considero-o ignorante e arrogante, com gigantes deficiências de gestão. Tenho ojeriza à sua visão sobre gays, mulheres, Estado Sem Partido, educação, relações exteriores.
Mas isso não me impede de apoiar a reforma que ele propuser cortando privilégios.
Apoio por um simples motivo: drenando cada vez mais recursos para aposentadorias – muitas delas para pessoas com 50 anos de idade – sobrará menos dinheiro à educação e saúde.
E, aí, são os pobres os mais afetados.
A derrota da reforma da previdência  pode prejudicar Bolsonaro a curto prazo ( seu mandato de 4 anos) – mas vai afetar o Brasil a curto, médio e longo prazos.
Bolsonaro logo vai sair do poder. Mas o Brasil fica.
O jornalismo independente vai continuar criticando Bolsonaro por seus erros e trapalhadas – e essa é a função fiscalizatória da imprensa.
Mas no que se refere às questões mais complexas e vitais como a reforma da previdência terá apoio dos comunicadores sérios.