Dimenstein: as 2 melhores colunas de hoje sobre a crise de Sérgio Moro

Vera Magalhães (Estadão) e Elio Gaspari (Globo e Folha) escreveram as duas melhores coluna desta quarta-feira (12) sobre os impactos da divulgação das conversas de Sérgio Moro e e procuradores da Lava-Jato.

Cerimônia de Comemoração do 154º Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo
Créditos: Marcos Corrêa/PR
Cerimônia de Comemoração do 154º Aniversário da Batalha Naval do Riachuelo

Vera Magalhães: “Sérgio Moro perdeu, ao menos por ora, a capa de herói com que foi retratado em atos no dia 26. Isso significa que perdeu o respaldo das ruas e das redes? Não. Os atos foram mais um aval à agenda de Moro que à de Bolsonaro. Mas as hashtags de apoio ao ex-juiz rivalizaram com as de críticas à Lava Jato, e medições feitas no Twitter mostram o campo de centro dividido entre o apoio à operação e a decepção com a revelação de interações não institucionais entre acusação e juiz. Em política, os agentes costumam sentir cheiro de sangue na água. E o ex-todo-poderoso sangrou pela primeira vez depois de quatro anos praticamente sem contestações. Deputados, senadores, ministros do Supremo, derrotados nas últimas eleições, advogados. A fila dos que veem no episódio a chance de ir à forra é imensa. E leva a consequências imediatas. O projeto anticrime, que estava em banho-maria, subiu no telhado. A indicação ao STF, antes dada como certa pelo próprio presidente, hoje é vista com ceticismo entre colegas de ministério e integrantes da Corte.” (Estadão)

Elio Gaspari: “As mensagens de Moro e de Deltan deram um tom bananeiro à credibilidade da Operação Lava Jato e mudaram o eixo do debate nacional em torno de seus propósitos. O ministro e o procurador reagiram como imperadores ofendidos, tocando o realejo da invasão de privacidade. Parolagem. Dispunham de uma rede oficial e segura para trocar mensagens e decidiram tratar de assuntos oficiais numa rede chumbrega e privada. Noves fora essa batatada, precisam explicar o conteúdo de suas falas. Sem explicações, a presença dos dois nos seus cargos ofende a moral e o bom senso. No caso de Moro, ofende também a lei da gravidade. Ele entrou no governo amparando Jair Bolsonaro e agora depende de seu amparo. Se o capitão soltar, ele cai.” (Globo ou Folha)