Entenda a crise que está implodindo o Ministério da Educação

Por: Redação

O principal destaque hoje do Canal Meio é a crise no Ministério da Educação.
Canal Meio fez a seleção das melhores reportagens sobre essa crise.

Na manhã de sexta-feira, o ministro da Educação Ricardo Vélez promoveu a mudança para cargos de, pelas contas do Antagonista, pelo menos oito alunos do escritor Olavo de Carvalho.
É uma história complexa, publicada em fragmentos por toda a imprensa, que aponta para um agravamento do conflito entre os braços militar e olavista do governo.
O ministro fez as mudanças, segundo as repórteres do Estadão Renata Cafardo e Isabela Palhares, após ter sido aconselhado a focar em educação.
Os desgastes por decisões marcadamente ideológicas, como a carta que pedia às escolas para que o Hino fosse cantado junto com o slogan de campanha, estava incomodando Vélez. Maurício Lima, da Veja, relata que o ministro foi ao Planalto relatar as crescentes tensões que vivia com Olavo e seus discípulos.
O presidente Jair Bolsonaro lhe deu carta branca para agir.

Os atos de exoneração já estavam com Vélez desde a Quarta-Feira de Cinzas. Segundo Daniela Lima, do Painel da Folha, quando ele ligou para avisar Silvio Grimaldo, até então um de seus assessores mais próximos, encontrou-o na Virgínia, justamente na casa de Olavo. Carvalho foi então ao Facebook. “Todos meus alunos que ocupam cargos no governo”, escreveu, “deveriam, no meu entender, abandoná-los o mais cedo possível e voltar à sua vida de estudos. O presente governo está repleto de inimigos do presidente.”

Aos repórteres Natália Portinari e André de Souza, do Globo, o escritor mencionou ao menos dois dos alunos a quem dirigia a recomendação. Tiago Tondinelli anunciou que deixará o cargo.
O outro é Filipe Martins, o mais influente de seus discípulos no governo. Assessor internacional do presidente, foi autor do discurso feito em Davos e é visto, por muitos, como o chanceler de fato, em detrimento do ministro Ernesto Araújo.

Filipe se pôs em silêncio nas redes — citou apenas, em um e dois tweets, trechos do poema Lepanto, do escritor inglês conservador G. K. Chesterton.
É uma celebração de João da Áustria, que lutou nas Cruzadas. Na visão olavista de política internacional, o Ocidente cristão deve se engajar em uma nova Cruzada simbólica contra o mundo islâmico, a Rússia e a China.

Olavo, por sua vez, acusou empresários do ensino à distância e os militares de tentarem limar sua influência no MEC. O principal instrumento seria o coronel aeronauta Ricardo Roquetti. Também seu ex-aluno, teria se bandeado para o outro lado. (Época)

Na noite de domingo, Roquetti caiu a pedido do presidente. A pressão teve resultado. Ao fim, a briga segue e ainda não está claro que lado venceu. Mas Vélez saiu desgastado. Ficou no Planalto a impressão de que é visto como fantoche. (Folha)