Entenda os bastidores da guerra entre Bolsonaro e Mourão

Principal destaque do Canal Meio é a guerra no núcleo do governo envolve Jair Bolsonaro e o general Mourão

Algo ocorreu no Planalto. Pela primeira vez desde o início de seu governo, o presidente Jair Bolsonaro fez uma crítica ao escritor Olavo de Carvalho, personagem constante nas crises ocorridas no ministério. Em resposta aos comentários de Carvalho, publicados no perfil de YouTube do próprio Bolsonaro no último sábado, o presidente se queixou. “O professor teve um papel considerável na exposição das ideias conservadoras que se contrapuseram à mensagem anacrônica cultuada pela esquerda”, abriu a nota suavizando para então pontuar. “Entretanto, suas recentes declarações contra integrantes dos poderes da República não contribuem para a unicidade de esforços e consequente atingimento dos objetivos propostos em nosso projeto de governo.” Bolsonaro não falou pessoalmente, pediu a seu porta-voz que o fizesse. Carvalho havia, em menos de seis minutos, se queixado simultaneamente tanto dos militares quanto dos parlamentares eleitos na esteira da onda de direita. (G1)

Pela manhã, o vice-presidente Hamilton Mourão, vítima contumaz do escritor que vive na Virgínia, havia sido bem mais duro. “Acho que ele deve se limitar à função que desempenha bem, que é de astrólogo”, ironizou o general. “Pode continuar a prever as coisas que ele é bom nisso.” De acordo com Mourão, Bolsonaro não havia visto o vídeo antes da publicação. (Estadão)

Discretamente… A crítica de Mourão atinge também o principal aluno de Carvalho no governo, o assessor para assuntos internacionais Filipe Martins, que gosta de se dizer capaz de prever resultados eleitorais em outros países. (UOL)

Pois é… No Twitter, Carlos Bolsonaro seguiu caminho distinto do pai. “Olavo de Carvalho é uma gigantesca referência do que vem acontecendo no Brasil”, registrou. “Desprezar isto só têm três motivos: total desconhecimento, se lixando para os reais problemas ou acha que o mundo gira em torno de seu umbigo.” Algumas horas depois, destacou um tweet da jornalista Raquel Sheherazade que elogiava Mourão criticando o presidente. Mostrou que o vice havia curtido o post. “Tirem suas próprias conclusões”, escreveu.

Os generais começaram a cobrar de Bolsonaro um desagravo contra Olavo domingo. O presidente equilibrou-se o quanto pôde entre elogios ao escritor e a crítica ligeira. O temor de aliados moderados do governo é que seja cruzado um ponto sem retorno. Para eles, não há solução de curto prazo, segundo o Painel. No momento, os membros mais próximos do escritor no PSL estão recolhidos. (Folha)

Para ler com calma: Educação, relação com os EUA, proximidade com Israel e intervenção militar na Venezuela. A BBC Brasil reuniu quatro pontos de controvérsia no governo Bolsonaro que evidenciam as diferenças no pensamento entre militares e olavistas. “Enquanto o ministro de Relações Exteriores defende uma postura mais enfática contra o regime de Nicolás Maduro, sem descartar eventual apoio a uma intervenção liderada pelos EUA, os militares vêm repetido que o governo deve se fiar em pressão diplomática e não em usar a força contra o país vizinho.” É só um dos pontos de embate.