‘Governar não é tuitar’, diz Estadão em editorial a Bolsonaro

" O governo hoje é exercido por alguém sem condições de saúde para tal"

O jornal “O Estado de S. Paulo” faz um duro editorial nesta terça-feira (12) criticando a decisão do presidente Jair Bolsonaro de não passar a presidência da República ao vice Hamilton Mourão, enquanto se recupera de uma cirurgia no Hospital Albert Einstein, onde está internado desde 27 de janeiro.

“Governar não é tuitar”, diz o título do editorial em referência a intensa atividade de Bolsonaro no Twitter. Segundo o jornal, “governar demanda presença, articulação, lucidez – isto é, tudo o que Bolsonaro, convalescente e a reboque dos filhos e dos aliados mais radicais, ainda não conseguiu oferecer ao País”.

“O governo hoje é exercido por alguém sem condições de saúde para tal”, diz o jornal sobre a saúde de Bolsonaro
Créditos: Marcelo Camargo/Agência Brasil
“O governo hoje é exercido por alguém sem condições de saúde para tal”, diz o jornal sobre a saúde de Bolsonaro

“Em vez de delegar suas funções para o vice-presidente Hamilton Mourão, conforme estabelece a Constituição e manda o bom senso, Bolsonaro julgou que poderia logo retomar a dura rotina presidencial –até mesmo uma espécie de gabinete foi montado no quarto do hospital para que ele pudesse despachar”, diz ainda o texto.

Em outro trecho, o jornal diz que “é preciso que haja alguém com autoridade constitucionalmente reconhecida no exercício do cargo para deliberar sobre os assuntos do governo e orientar os ministros. Do contrário, haverá indesejável paralisia administrativa – como a que o País assiste agora em razão da prolongada internação do presidente Jair Bolsonaro.

Bolsonaro está há 16 dias internado e deve ter alta nesta quarta-feira (13), segundo os médicos. Neste período, o presidente não recebeu a visita do seu vice.

Mourão tem sido alvo de críticas dos filhos de Bolsonaro, que têm muita simpatia pelo general da reserva. Para o clã Bolsonaro, Mourão tem tentado se apresentar como um contraponto ao presidente. O encontro com liderança da CUT, na semana passada, teria sido a gota d’água.