Mais um tapa de Bolsonaro na cara de Rodrigo Maia

24/03/2019 19:46 / Atualizado em 11/09/2019 11:57

A julgar pelos sinais emitidos neste domingo, a relação entre Jair Bolsonaro e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, vai continuar tensa.
Consequência: mais dúvidas sobre a reforma da previdência.

O líder do governo na Câmara, Vitor Hugo, encontrou-se hoje com Bolsonaro.

Depois do encontro, mandou mensagens por email atacando a “velha política”.

“Nosso presidente está certo e também convicto de suas atitudes. Estive com ele hoje pela manhã. As práticas do passado não nos levaram ao caminho em que queremos estar. Todos nós, em particular do PSL, somos agentes para ajudar a mudar a situação em que nos encontramos”, escreveu o líder no grupo de deputados, por volta de 13h30.

“Todos que nos elegemos nessa legislatura (passamos, pois, pelo crivo das urnas e da população que não aguenta mais…), eleitos e reeleitos, temos a possibilidade de escolher de que lado estar… somos todos a nova política. Não dá mais…”, completou.

Notícia da Folha:

Duas postagens em seguida fazem referência a supostas negociações de cargos nos governos Michel Temer (MDB) e Dilma Rousseff (PT) em troca do apoio do Congresso.

A primeira mensagem resgata reportagem do jornal O Globo de novembro de 2017, cujo título é “Para aprovar mudanças na Previdência, Temer autoriza Maia a negociar cargos”.

A segunda é uma charge que ironiza o diálogo do governo Dilma com o Congresso. Na imagem, a ex-presidente leva ao Congresso um pacote de cargos para garantir as conversas.

Parte da troca de mensagens já chegou ao presidente da Câmara e está circulando entre os principais líderes partidários. Elas foram recebidas como “agressões” do líder do governo à política.

Dá para imaginar a reação de Maia, ao saber dessa conversa, na semana passada, que teve colunista Eliane Cantanhêde, do Estadão

A jornalista ouviu esse ataque:

“Não tem governo. É um governo vazio, que não tem ideia, proposta, articulação”. E continuou: “Para dissimular, criou esse confronto do bem contra o mal, do bonito contra o feio, do quente contra o frio. Eles são o bem, os bonitos, os quentes. E nós, os políticos, somos os maus, os feios. É só para manter a base ultraconservadora na internet”.

Mais um desabafo sobre a reforma da previdência:

“Ele tira o corpo fora e vende a imagem de que nós é que estamos obrigando o governo a fazer a reforma”.

Usando essas duas frases, a jornalista mostra como Bolsonaro e seus filhos geram crises, dificultando a reforma da previdência – o maior desafio hoje do Brasil.

É assim que o governo, em vez de aglutinar, vai dividindo, afastando, criando atritos, dificultando não só a reforma da Previdência como a sua própria vida.
O Planalto não pode correr o risco de perder o apoio de Maia, porque ele abriria uma longa fila de adversários, o DEM, o PSDB, o MDB, parte dos evangélicos do PRB e vai por aí afora. O que sobraria? O PSL, novo inexperiente e dividido?

O pior é que a culpa da guerra de guerrilhas na internet sempre cai sobre os filhos, mas Maia tem uma certeza: “É tudo patrocinado por ele”. Quem é ele? Jair Bolsonaro.

Resumindo: Jair Bolsonaro é, em sua visão, o chefe das milícias digitais.