Míriam Leitão dá melhor resposta aos exageros de Paulo Guedes

O ministro da Economia, Paulo Guedes, deu uma entrevista à revista “Veja” anunciando o caos se a reforma da Previdência não for aprovada. Em “O Globo”, a jornalista Míriam Leitão deu a melhor resposta a ele, mostrando os exageros dessas afirmações:

Paulo Guedes

“Se não fizermos a reforma, o Brasil pega fogo. A velha Previdência quebrou. Não vamos ter nem dinheiro para pagar aos funcionários. Vai ser o caos no setor público, tanto no governo federal como nos Estados e municípios. A Previdência é hoje um buraco negro, que engole tudo ao redor. O deficit tem crescido cerca de R$ 40 bilhões por ano. A reforma é urgente, porque os mercados não vão esperar muito mais. Eles fogem antes. A engolfada pode vir em um ano, um ano e meio.”

O ministro continuou: “Quando os mercados sabem que o negócio vai quebrar daqui a três ou quatro anos, eles antecipam os movimentos. O dólar já começa a subir, a bolsa começa a afundar e a classe política, que poderia estar trabalhando numa agenda construtiva de descentralização de recursos, começa a se afastar dessa pauta para apostar num impeach­ment. Esse é o diagnóstico: a curto prazo, podemos virar uma Argentina, com 30% a 40% de inflação. A médio prazo, antes de o governo acabar, uma Venezuela, com desabastecimento, inflação alta, dólar explodindo, zero investimento, desemprego elevado, atraso de salário, atraso de pagamentos a aposentados e pensionistas.”

Míriam Leitão

“O cenário de fim do mundo traçado por Paulo Guedes não se concretizará porque o país vai agir antes. Quando a inflação chegou a 10%, o governo Dilma caiu. O Brasil não toleraria conviver com inflação como a Argentina tem feito. Desde 2011, a inflação por lá está em dois dígitos. No Brasil, dois meses foram suficientes para derrubar a popularidade da então presidente. Se voltar a ocorrer, o governante da vez terá queda forte de popularidade e, provavelmente, perderá o mandato. O cenário Venezuela é ainda mais longínquo. O ministro está ameaçando com um fantasma que, felizmente, não ronda o Brasil.”