Míriam Leitão faz a melhor coluna do dia sobre Moro e Bolsonaro

“No momento em que o ex-juiz Sérgio Moro deixou a 13ª Vara Federal para ir para o governo Bolsonaro, ele fragilizou a operação. Os diálogos divulgados agora são outra razão do enfraquecimento. Para avançar será preciso estar cada vez mais longe da briga político-partidária brasileira. O inimigo é a corrupção e não um partido. Quem pensou diferente disso, errou.”

Essa é a essência do que diz a jornalista Míriam Leitão em seu texto desta terça-feira, 11, no jornal “O Globo”. Foi a melhor coluna do dia sobre o desgaste do ministro da Justiça e a operação Lava Jato. Veja trechos:

“Dois ministros de tribunais superiores avaliaram ontem que as conversas entre o ex-juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol não deveriam ocorrer da forma como ocorreram, mas ao mesmo tempo um deles disse que dificilmente o julgamento do ex-presidente Lula será revertido. Um dos militares com cargo no atual governo admitiu que “bom não é”, ao se referir aos diálogos […]. A ordem no Planalto é de ser o mais cuidadoso possível […], mas o clima é de constrangimento”, disse, na coluna.

Temor de conspiração

Segundo a coluna, “o ex-juiz Moro e o coordenador da Força-Tarefa não deveriam ter trocado informações fora dos autos”.

“Mas é difícil […] achar que tudo o que houve na Lava-Jato durante cinco anos foi fruto de um conluio e apenas com o intuito de evitar uma candidatura”, analisou. “A operação tem revelado um volume exorbitante de atos de corrupção de políticos de diversos partidos.”

“Na verdade, a Lava-Jato desde o início vive o temor da conspiração contra ela”, escreveu Míriam Leitão. “Contudo, o pior ataque que ela sofreu vem dela mesma.”