Brasileira é aprovada em 4 PhDs após fazer curso gratuito

Prep Pós reúne todo o conhecimento necessário para desmistificar o processo de aplicação de um curso de pós-graduação no exterior

Por: Ana Moraes, da Fundação Estudar

A aprovação com bolsas integrais para fazer doutorado nos Estados Unidos deixou Bruna de Paula, de 24 anos, surpresa: “Eu não acreditava que seria possível. Não fiz mestrado, não tenho um grande currículo acadêmico, não estudei em uma universidade federal e não tinha notas excelentes na faculdade”, diz a paulista de São José dos Campos.

Mesmo assim, Bruna foi aprovada para fazer PhD em ciência política em quatro universidades americanas: Universidade do Missouri, Universidade Temple, Universidade do Sul da Flórida e Universidade do Tennessee. Ela ainda espera o resultado de outras.

Bruna de Paula, aprovada em 4 PhDs nos EUA com bolsa, fez o curso gratuito da Fundação Estudar
Créditos: Arquivo pessoal
Bruna de Paula, aprovada em 4 PhDs nos EUA com bolsa, fez o curso gratuito da Fundação Estudar

Ela fez o Prep Pós-Graduação, curso gratuito e online da Fundação Estudar que prepara jovens que querem fazer uma pós-graduação em outro país, mas não sabem por onde começar. Veja abaixo como Bruna conseguiu realizar esse sonho:

Como brasileira conseguiu bolsas para PhD nos EUA

Bruna cursou a faculdade de comércio exterior em Itajaí, Santa Catarina, com uma bolsa integral do Prouni. Ela conta que sempre estudou em colégios públicos e que não teve muita base escolar, mesmo que sempre tenha tido vontade de estudar. “Terminei a graduação no sufoco, trabalhava em tempo integral para me sustentar e ia para a faculdade à noite”, lembra.

Após o término do curso, Bruna se viu perdida em meio à pandemia. Sem conseguir emprego, optou por estudar para concursos públicos —ela queria ser diplomata. “Mas o curso preparatório é muito caro e minha família realmente não tinha condições de me ajudar”, diz.

Ela então decidiu buscar algumas opções para estudar fora. No começo, pensou em fazer um mestrado, mas percebeu que seria mais difícil conseguir boas bolsas. Pesquisando, ela concluiu que o PhD poderia ser uma boa opção, já que as bolsas eram melhores. “Algumas universidades até preferem alunos mais novos, que saem direto da faculdade e vão para o doutorado”, conta.

Conversando com professores, Bruna descobriu que algumas universidades têm essa preferência porque muitos alunos que vão para o mestrado não fazem o PhD: “Por isso pode ser mais difícil conseguir financiamento para o mestrado. Eles te dão uma bolsa por dois anos e depois você vai embora, e no doutorado são cinco anos aprendendo e produzindo”.

Apesar da vontade, a paulista diz que enfrentou muitos momentos de dúvida: “Pensei em desistir várias vezes, imaginei que era um sonho muito grande para mim. Eu sou a primeira da minha família a terminar a faculdade. Um doutorado nos Estados Unidos parecia coisa de filme”, conta. Mesmo insegura, ela decidiu tentar.

Os processos de candidatura

Para começar os processos de candidatura, a estudante buscou vários preparatórios, mas todos eram financeiramente inacessíveis. “Até que conheci o Prep Pós, que me ajudou em todas as etapas. Desde buscar as universidades com bolsas até planilhas, pedidos de isenção de taxas e cartas”, relata.

A partir das orientações do curso gratuito, ela selecionou algumas escolas e procurou professores que tivessem pesquisas alinhadas com seu projeto. “Enviei e-mails me apresentando e falando um pouco sobre o que eu queria fazer. Alguns professores responderam e sugeriram uma reunião online”, diz. Apesar do nervosismo, Bruna começou a falar com as universidades: “Meu inglês não era muito bom, na primeira reunião eu me tremia inteira. Mas fui pegando a prática com o tempo”.

Nas reuniões, Bruna conta que os professores queriam saber quem ela era: “Queriam saber o que eu fazia, qual era a minha base. Todos eles perguntavam por que eu queria um PhD, o que eu queria fazer com esse título”, relata. Como o foco da estudante é a carreira acadêmica, os próprios entrevistadores entenderam que o mais indicado seria o doutorado.

Outro ponto importante é pesquisar bastante sobre o professor antes da conversa, de acordo com Bruna: “Saiba por que você quer ir para aquela universidade, por que quer trabalhar com aquele professor, leia artigos dele. É importante ter isso bem claro”, aconselha. As reuniões não são necessariamente obrigatórias, mas podem ser importantes tanto para a universidade conhecer o aluno quanto para o aluno conhecer a universidade.

O processo de aplicação, no entanto, é muito mais complexo do que fazer uma entrevista. Bruna começou a estudar para o TOEFL e o GRE, teste para admissão em alguns programas de pós nos EUA. Ela estudou com materiais gratuitos da mentoria.

“O Prep Pós também foi fundamental para eu explicar para os recomendantes o que uma carta de recomendação deve ter, já que eu pedi para dois professores universitários que nunca tinham feito isso”, diz.

Já o módulo de autoconhecimento, que à primeira vista pode parecer dispensável, foi essencial para que Bruna conseguisse escrever uma boa carta de motivação, um dos documentos mais importantes do application —seu texto, inclusive, foi muito elogiado pelos professores.

No fim de todo esse processo, que durou de junho a dezembro de 2022, ela havia se inscrito em 17 programas. “Como o PhD é muito competitivo, já que eles dão bolsas integrais para todos os aprovados, usei a estratégia de aplicar para o máximo de programas que eu conseguisse”, conta.

Os resultados começaram a chegar no fim de janeiro de 2023. O primeiro “sim” recebido foi da Universidade do Missouri. “Só vou ter que pagar algumas taxas semestrais, o que dá mais ou menos 200 dólares. A bolsa inclui a mensalidade do PhD por cinco anos, plano de saúde, a taxa para alunos estrangeiros e mais 20 mil dólares por ano”, enumera. Ela ainda vai concorrer a uma bolsa extra de 11 mil dólares por ano.

Além da bolsa e da excelência da instituição, Bruna conta que se sentiu muito acolhida pela universidade, que já designou um aluno brasileiro para ajudá-la com questões mais práticas.

“É uma mudança muito grande, vou ficar longe da minha família e me mudar para um país totalmente desconhecido, com uma língua diferente. Eu nunca saí do Brasil, então ter esse amparo é muito importante”, diz. Ela ainda não bateu o martelo, mas admite que é muito possível que o Missouri seja seu lar pelo menos pelos próximos cinco anos.

Agora, concentrada nos preparativos para deixar o Brasil no meio do ano, Bruna reflete sobre os percalços do processo: “Eu falava muito com a minha mentora do Prep sobre como eu acreditava que as minhas chances eram muito baixas porque eu não tinha uma universidade federal no currículo. Não tenho um artigo publicado, minha média na faculdade era 7. Isso me deixava muito insegura”.

Mesmo assim, ela foi encorajada pela mentora, pela família e por amigos que acreditaram em seu potencial. “Posso não ter uma federal, mas tenho uma bolsa do Prouni, faço um trabalho voluntário em uma revista independente para jovens, tenho cartas de recomendação muito boas, trabalhei durante toda a faculdade. Apostei em mim”, ela diz.

“Não foi fácil, teve muito esforço por trás. Eu estudei muito, me dediquei muito para conseguir. Mas se é possível para mim, também é para outras pessoas”, finaliza a futura PhD.

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